I -A
CONSTRUÇÃO DA AMEAÇA JUVENIL EM RIO BRANCO
Neste
primeiro capítulo, consiste em esclarecer, para os fins
da pesquisa ou esboçar uma noção dos conceitos e questões sociais entrelaçadas,
fazendo uma relação das possíveis causalidades das violências praticadas pelo
menor infrator. Para isto escolhemos a que tem uma dimensão maior que se
referia da questão da pobreza como trânsito para a delinquência juvenil.
Na prática e no cotidiano de uma delegacia
podemos ver que é apenas um possível fator a ser trabalhado. Pois existem
múltiplos fatores à apresentar como protagonistas que possam explicar o
conjunto de práticas delituosas, que recebem a DEPCA, em Rio Branco- Acre,
nossa delegacia em estudo, localizada em Rio Branco-Acre, sendo a única
Especializada na repreensão da Marginalidade e Delinquência Juvenil em nosso
Estado. Portanto, o que fizemos acima foi uma tentativa de aguçar nossa
reflexão sócio política que os coloque também como vítimas de um sistema social
injusto.
Fazendo assim, para os
fins da pesquisa ou esboçar uma noção de alguns estudos realizados sobre a
temática. O que nos levou a apresentar algumas questões entrelaçadas e que
compõe também o perfil da vulnerabilidade social dos jovens que estão imersos
no universo dos menores infratores.
A fase da idade
adolescente gera rebeldia natural, sendo uma época de transformações marcadas,
muitas vezes, por: distúrbios pessoais, sejam eles: psiquiátricos,
neurológicos, familiares e consumo de drogas ou o começo disto. Conforme Içami
Tiba enfatiza ao dizer que “o distúrbio de personalidade mais grave é a chamada
personalidade psicopática, Seu portador não respeita as outras pessoas nem as
regras” (TIBA, 1996, p.139)
É uma fase de distúrbios
relacionais, educativos de junção de amigos, que gera conflitos, formam-se
gangues. Embora saibamos que um mesmo adolescente pode agir de maneiras
distintas. “É a “mania de ser Deus” do jovem: ousado, arrogante, impetuoso,
impulsivo[...].” Nessa fase é comum brigarem com os pais, formarem “patotas” e
brigarem com os outros, querendo assim definir a sua identidade. São tempos de
Rebeldia. Mas todos passam por isso, e nem todos chegam a se tornar delinquentes,
independente de condições sociais.
Outro fator que pode levar o jovem a
delinquência tão comum hoje é desestruturação familiar, quando digo isto, não
me refiro a lares com de mães e filhos ou pais e filhos somente, mas
desajustados em que todos sentidos: educacionais, de maus exemplos, carentes financeiramente
ou não. Em sentido amplo que gera jovens sem referenciais, sobretudo dentro da
família, portanto pode facilmente gerar crimes. Para isso confirma em sua tese
Maria Feijó:
O
núcleo familiar é a primeira experiência que a criança tem de socialização,
configurando-se, portanto, como um dos mais importantes pontos de referência,
que atua como centro e norteador do ser humano no mundo, tanto cognitivamente,
como afetivamente. É direito de toda criança, segundo a Declaração Universal
dos Direitos da Criança (ONU), ter satisfeitas suas 200 necessidades de amor,
compreensão, educação, saúde, lazer e segurança. No entanto, as condições em
que vivem os jovens infratores, quer seja no que se refere às suas famílias,
quer se trate do seu entorno comunitário, não fazem jus aos seus direitos
sociais. Em sentido amplo que gera
jovens sem referenciais, portanto pode facilmente gerar crimes. (FEIJÓ, 2011,
p. 200)
O envolvimento com drogas para
muitos se acontece bem cedo, seja, o álcool e a maconha ou cigarros e outros.
Onde muitos, enveredam nas “empresas” de entorpecentes. Outros caem nos vícios
de forma demasiadamente. No caso das drogas ilícitas, passam a agir como
delinquentes, pois caem no vício, num processo contínuo do uso de drogas. Os
que são tragados pelas empresas de tráficos tornam-se dependentes, ou praticam
furtos e roubos comumente, enfim o crime se relaciona diretamente com as
drogas.
A desistência da escola
por muitos jovens torna sua perspectiva de futuro bem mais comprometida, sendo
que a própria Escola tem falhado pedagogicamente e estruturalmente, até por que
há descaso com a escola pública. Grandes são os conflitos e violências,
proveniente do dia-a-dia das próprias escolas da capital acabam por resolver
seus conflitos na Delegacia no menor.
Para não sermos considerados descarados e cheio legitimador e apoiador
sempre do discurso de jovens que cometem horrores, abordaremos a maldade, a psicopatia
como causa também da delinquência juvenil. Constatamos que muitos jovens agem
com requintes de crueldade no mundo do crime. São jovens extremamente
revoltados, psicopatas. Tal como coloca Michael Foucaut, no seu livro: Os
Anormais:
[...]
uma certa loucura que não afeta o comportamento em geral mas apenas do
assassinato. É nesse momento, nessa região bem precisa, que vemos emergir a
loucura instintiva que é, de certo modo, a última pedra no edifício piramidal
da taxionomia” (FOUCAULT, 2002, p.175)
A autora Ana Beatriz
Barbosa em Mentes Perigosas que
vendeu mais de 400 mil cópias, fez um trabalho demonstrando que psicopata não
tem idade e nem nível social, exemplificando casos diversos, suas
características, vejamos uma breve passagem:
Os psicopatas começam
a exibir problemas comportamentais sérios desde muito cedo, tais como mentiras
recorrentes, trapaças, roubos, vandalismo e violência. Eles apresem também
comportamentos cruéis contra os animais, e outras crianças, que podem incluir
seus próprios irmãos, bem como coleguinhas da escola. (p. 88, 2008).
Com efeito,
teoricamente, estaremos respaldados para observar que existe uma complexidade,
onde certamente, alguns dos pontos abordaremos ou quem sabe todos juntos
explique parcialmente o porquê de tantas ocorrências, na DEPCA (Delegacia
Especializada em Crianças e Adolescentes) de Rio Branco-Acre. Porém, longe
estaremos de querer apresentar verdades absolutas, ou de propor soluções fáceis
para o problema da Delinquência Juvenil.
1.1 POBREZA: UM
LIVRE TRÂNSITO PARA A DELINQUÊNCIA?
Pretendemos dar ênfase à questão sociopolítica, para
não negarmos que a pobreza e o desnível social, além da falta de opção de uma
vida mais digna, de garantias de direitos e políticas que ajudem o
desenvolvimento físico, mental, social e cultural desses jovens, não contribuam
excessivamente como causa desse fenômeno da delinquência juvenil na cidade de
Rio Branco. Interessa-nos pesquisar sob a ótica de uma realidade Brasileira
marcada pela pobreza, exclusão social este tipo de população, oriunda de meios
desfavorecidos, em primeiro lugar para compreender quais são os mecanismos
sociais que levam os jovens a enveredar pela delinquência. Embora saibamos que
muitos são os fatores explicativos questões da criminalidade de adolescente e
por isso, poderíamos estar aqui ressaltando outros aspectos, tais como
desintegração familiar. No livro Senhores Da Rua: O imaginário de meninos e
meninas de (na) rua da cidade de Rio Branco, tendo como coordenadora desta obra
a professora Maria José Bezerra temos muitas abordagens sobre a desintegração
familiar, conforme a passagem abaixo:
As condições de
vida de famílias impelem os filhos para fora do lar, para o ingresso precoce no
mercado de trabalho, outros para fora do próprio âmbito familiar. Importante
considerar que, em nossa pesquisa, percebermos como grandes fatores de exclusão
dos filhos do meio familiar não apenas as socioeconômicas, mas o clima de
desentendimento, de violência e até intenções sexuais por parte dos pais/ou
parceiros de um destes, em geral do padrasto para com as enteadas, numa
combinação cruel de violência física com tentativas de abuso sexual. (BEZERRA,
1997, p.46)
Por essa passagem acima podemos perceber a
importância de uma família com bons referenciais. Fazem uma boa diferença na
formação moral nos jovens. A família será sempre a base da sociedade. Mas ainda
existem casos que mesmo com carências materiais há uma boa convivência, lugar
onde formará indivíduos melhores para a sociedade. Embora uma minoria. Portanto,
podemos afirmar que a falta de condições desagrega as famílias, embora saibamos
que existem muitas famílias que vivem bem, mesmo com carências materiais. Sendo
assim, pode ser correto dizer que os pais perderam o controle sobre os filhos e
famílias nestes últimos anos ficaram com seus laços tenros.
A historiadora Mary Del Priore apresenta seu livro
sobre A Histórias das Crianças no Brasil com uma série de questões a respeito
do assunto:
[...]
Sociabilização na qual os laços de obediência, de respeito e de dependência do
mundo adulto acabam sendo trocados por uma barulhenta autonomia. Influência da
televisão? Falta autoridade dos pais? Pobreza e exclusão social de uma imensa
parcela de Brasileiros? Mais. E se tudo isso ocasionasse, nas margens da sociedade,
uma brutal delinquência juvenil, ou, se gerasse um profundo mal-estar feito de
incompreensão e brigas, mesmo entre famílias mais equilibradas onde a presença
dos pais e o excesso de amor substituem a educação? (DELPRIORY, 2013, p. 08)
Vemos que de alguma forma as famílias tenham uma
espécie de cumplicidade e muitas vezes colaborem mesmo que indiretamente para a
inclusão de jovens na delinquência, sendo consequência de uma criação omissa ou
de um poder familiar ignorado e posteriormente extinto.
Este problema é avaliado pura e simplesmente como
sendo ocasionado só no seio familiar pode acarretar uma série de estigmas com
as famílias pobres, sendo reconhecidos como reprodutores do fenômeno de uma subclasse,
quando na verdade existe uma grande desassistência do Estado que por mais que
tenha leis protetoras como o Eca e a própria Constituição Federal, na prática
deixa muito a desejar no cumprimento destas.
No Brasil nas últimas décadas foi impenetrada uma
série de programas de combate à desigualdade, que servem como paliativos
enquanto a igualdade social não se instala na sociedade brasileira, tais como:
bolsa escolar, vale alimentação, vale gás, bolsa família e outras o que
comprova a versão que os males da miséria e da pobreza merecem a maior atenção.
No entanto, por mais que existam algumas políticas públicas para a juventude,
ainda não atingem a maioria absoluta.
No âmbito da pesquisa realizada
interessa-nos discutir as variáveis que contribuem para a inserção de
adolescentes e jovens da cidade de Rio Branco ao entrarem em conflito com a
lei, sabemos de antemão, que são múltiplas as causas, de modo que cada jovem
tem sua trajetória de vida. Mas existem
pontos em comuns como a pobreza, falta de planejamento familiar, falta de
qualificação profissional, desigualdade social, consumismo excessivo, dentre
outros casos justificados pelo caso concreto.
Por outro lado, não é nossa intenção
afirmar que por ser a maioria de famílias humildes, a pobreza, é fator determinante
para que eles realizem infrações, tendo em vista que há estudos que
desconstroem esta tese.
Sabemos que existem
comunidades muito pobres que, mesmo assim mantêm-se muito mais pacíficas do que
determinadas seguimentos sociais urbanos, que dispõem de melhores condições de
vida, e mesmo assim estão inseridos nos índices alarmantes de violências.
Acrescentamos também que há famílias na zona rural de poucos recursos
financeiros, países com baixos índices de desenvolvimento – IDH, áreas do
Nordeste brasileiro, nos quais os percentuais de menores infratores não são
assustadores, ao se considerar os contextos em que vivem. Portanto, a pobreza,
por si só não explica o ingresso destes jovens na criminalidade.
Com base nos dados acima expressos, ressaltamos que a vida diária
da maioria das crianças e jovens residentes em bairros carentes é uma vivência
cotidiana marcada falta de garantias sociais, carência de infraestrutura física,
além do fato de vários deles serem marcados pelo abandono. Muitos se criam “ao
léu”, nas ruas sem a devida vigilância paterna, haja vista que são filhos de
pessoa pobres e até abaixo da pobreza, que precisam trabalhar para poder
sustentar seus muitos filhos, e não estão o tempo todo com as crianças.
Na nossa Carta Magna tem umas incoerências, pois logo no capítulo
II- Direitos Sociais, “Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.” Porém, mesmo não sendo dados a
muitos esses direitos sociais aos pais, com o surgimento do Eca, sobre ele veio
o dever para a família, tal como segue abaixo:
Art.
4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1990)
Sobre a contradição
acima citadas nos artigos da CF e do ECA, confirmamos que estas leis no papel
são muito impressionantes, porém na prática não estão estes direitos dados a
muitos pais ou mães de famílias, por mais que haja vários projetos sociais em
andamento. Vejamos então como ver essa questão o jurista Válter KenjiIshda,
estudioso da causa legislativa do menor:
[...]
gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria
Lei Fundamental do Estado.[...] Isso significa, portanto, que a ineficiência
administrativa, o descaso governamental com os direitos básicos, a falta de
visão política na justa percepção, pelo administrador, do enorme significado
social de que se reveste a proteção à criança e ao adolescente, a inoperância
funcional dos gestores públicos na concretização das imposições constitucionais
não podem nem devem representar obstáculos à execução, pelo Poder Público, da
norma inscrita no art. 227, ‘caput’, da Constituição da República, que traduz e
impõe, ao Estado, um dever , sob pena de ilegitimidade dessa inaceitável
omissão governamental importar em grave vulneração a um direito fundamental e
que é, no contexto ora examinado, proteção integral da criança e do adolescente
(ISHIDA,2011, p. 10)
Ou seja, vemos que a eficácia de uma lei não depende
de sua existência, mas de seu cumprimento, onde os gestores precisam estar
preparados para executar políticas públicas que tornem viáveis os anseios da
lei, para que então, possa haver uma efetiva proteção ao menor, no plano
concreto, como direitos humanos.
O que vemos é que existem três
conceitos interligados e com efeitos causais: Exclusão, marginalidade e delinquência,
no caso da delinquência juvenil, objeto de investigação do presente estudo.
A exclusão social assim compreendida é
vivida como meio e como última fase de uma trajetória de vulnerabilidades
múltiplas que se combinam, levando a sucessivas rupturas de laços sociais em
cinco dimensões da vida humana: econômico-ocupacional, sócio familiar, da
cidadania, das representações sociais e da vida humana. (LEAL p. 141, 2010).
Quando falamos em exclusão social, entendemos que a desigualdade
social é a causadora de tal segregação, onde vemos oportunidades mais vastas
para aqueles que possuem uma renda maior, e oportunidades mais escassas para a
camada mais pobre da sociedade, como saúde e educação de péssima qualidade,
segurança em alta vulnerabilidade, desemprego, desqualificação profissional
dentre outros fatores que podem ser relatados por cada família no caso
concreto, conforme o pensamento de Scheider:
A
escassez de serviços urbanos, as más condições sanitárias, o baixo de renda e
educação, a baixa qualificação profissional, o subemprego, o desemprego, a
anomia, a desorganização familiar e a falta de participação social, entre
muitos traços adotados para caracterizar a pobreza, foram associados à
precariedade habitacional das populações marginais. (SCHEIDER, 1987, p.26)
São
características que qualificam a pobreza, onde colocam parte da sociedade à
margem da lei e da vida comum com dignidades, é onde cria-se a linha ténua entre
o “marginal” e o “delinquente! O Delinquente, então viria a ser, maioria das
vezes, o excluído, o marginal que:
As
regras podem ser de muitos tipos. Elas podem ser formalmente promulgadas como
lei e, nesse caso, o poder de polícia do Estado pode ser usado para impô-las.
Em outros casos, representam acordos informais, aos quais se chegou
recentemente ou que estão vinculados à sanção da idade e da tradição; regras
desse tipo são impostas por sanções informais de várias espécies. (BECKER,ANO, página???)
Ainda que pese outros
fatores causadores da marginalidade, criminalidade e delinquência juvenil,
fatores estes de explicação: jurídica, biológica, psicológica e outros. No
entanto, pretendemos dar ênfase a questão sócio política, pois não podemos
negar que a pobreza e o desnível social, além da falta de oportunidades de uma
vida mais digna, política de fortalecimento psicossocial das famílias, educação
pública de qualidade interferem nas incidências de jovens no mundo da
delinquência. Ninguém nasce delinquente. Há uma gama de fatores que
potencializam o ingresso de jovens das camadas populares, das cidades
brasileiras, notadamente das capitais na criminalidade.
Segundo o
Instituto de Pesquisa Aplicada- (IPEA, 2000) o perfil da população enclausurada
adulta difere pouco dos menores infratores no Brasil. Enfatiza-se que embora a
renda e educação sejam dimensões centrais na diferenciação social, não se deve
negligenciar a dimensão espacial da desigualdade que se manifesta pelas
diferentes modalidades de segregação sócio espacial.
Com base nas argumentações acima mencionadas,
observamos que o estado do Acre não foge à regra, tendo em vista que a
existência de um déficit habitacional considerável, acrescido da inexistência
de outras garantias sociais, que contribuem para a formação de bairros, na
cidade de Rio Branco, designados de periféricos, os quais carecem dos
equipamentos urbanos básicos e são estes os ocupados pelas famílias mais
pobres.
Enfatizamos
que a capital acreana, na década de 1970, vivenciou um processo desordenado de
crescimento decorrente da migração rural urbana motivada pela expansão da
fronteira capitalista na Amazônia Sul-Ocidental.
Processo
similar ao que ocorreu em outras capitais brasileiras, com maior destaque para
a cidade do Rio de Janeiro, onde todas as políticas da época, - desde as
formações dos cortiços, casebres, comunidades coletivas de escravos do período
que antecede a Proclamação da República, de desmoronamento e despejo no XIX -
eram movidas administrativa e tecnicamente baseada na ideologia das “classes
perigosas”.
Por sua
vez, Mary Carpaeter ao formular o conceito de luper proletariado”, assinala que
este é a definição de uma espécie da sociedade, quem já havia passado pela
prisão, furtavam, eram incivilizados. Para destruírem os cortiços e as áreas
urbanas teriam que acabar com uma suposta cultura da pobreza promíscua, enfim,
livrar-se desse bando.
Alberto Passos
Guimarães em seu livro As classes Perigosas: Banditismo urbano e rural, que
mesmo não tratando diretamente a realidade local, explicita quem são esses sem
rostos aprisionados, e como é um ciclo vicioso, os menores infratores ou boa
parte de seus pais estão inclusos no universo das classes perigosas. Diz ele:
[...] favelas,
como de resto todas as comunidades pobres ou populares. São aglomerados
heterogêneos, como mostra os censos demográficos que são levantamentos
universais mais completos, dentre os pratica até agora. Esses levantamentos
acusam a existência de 1) grupos sociais formados por migrantes rurais e
urbanos, presentes no local durante período de tempo variáveis;2) pessoas
nascidas no local, de diferentes idades, níveis de instruções, profissão,
níveis de renda em geral baixos, mas diversificados;3) camponeses, artesãos,
trabalhadores de construção civil, trabalhadores subempregados de diversas
ocupações, como biscaiteiros, lavadores de carros, e Vários outros; 4) pequenos
comerciantes fixos e ambulantes, funcionário de empresas ou repartições
públicas[...] E também: pessoas de profissão não identificadas ou sem
profissões, ex trabalhadores, contraventores,, traficantes, contrabandistas,
ladrões, assaltantes e outros classificáveis no lupem proletariado, cuja
presença, aliás, não é uma exclusividade das comunidades de pobres”, mas em quase total maioria.(1983,p.12)
Conforme depoimento de uma moradora, ao dizer
que de: “Morro da Favela passou-se ao substantivo “favela”, o qual serviria
desde então para denominar os casos cada vez mais frequentes de terra invadida
e/ou ocupada ilegalmente por moradias pobres. (IPEA, 2000, p.461)
Sem
fazermos uma correlação com o processo de formação e ocupação da terra dos
grandes centros com a nossa capital, seria impossível descrevermos e
identificarmos a violência urbana como produto da pobreza, ineficiência do
Estado e exclusão social.
A partir do exposto, assinalamos que existem
diversas formas de violência urbana (violência política, sócio econômica, das
instituições públicas, violência simbólica e macro e micro violências
cotidianas) e diversos fatores deste mal no Acre e no Brasil. Porém,
delimitaremos nossa pesquisa em alguns casos de violência cometida por menores
infratores que transgridam a lei, a violência criminal propriamente dita e suas
diversas tipificações de delitos, que em seu maior volume são crimes contra a
pessoa e contra o Patrimônio, conforme o Código Penal Brasileiro.
Não podemos
negar que a pobreza e o desnível social ou falta da garantia de direitos, não
coloque as outras espécies de violências citadas já acima, como promovedoras,
algumas vezes desse diagnóstico de tantos crimes contra o patrimônio e também
contra a vida.
Essa realidade, ou
prática social cotidiana, onde diversos jovens entram no mundo do crime e da
delinquência ou fazem de suas vidas um entre e sai: da rua para delegacia e
desta para os centros de internação de menores infratores, tal como um ciclo
vicioso permanente.
Por mais que, Rio
Branco, ainda que esteja longe de ser uma metrópole, já convive há anos com
sérios problemas de uma cidade grande. A cidade de Rio Branco sofreu e vem
sofrendo crescimento, embora que desordenado e formando uma periferia,
impulsionada pela expansão capitalista agropecuária. O professor Airton Chaves
da Rocha, em sua tese de doutorado afirma que:
[...]
os bairros de Rio Branco foram (e
estão sendo) construídos nas três últimas décadas, problematizando versões,
mais principalmente discutindo como se efetivou e está se “efetivando “o “fazer”
morador urbano de muitas das famílias de seringueiros na luta pela moradia,
pela infraestrutura dos bairros pobres, pelo trabalho, enfim, pelo direito a
vida. (ROCHA, 2006, p. 49).
O fato é que existe um
abismo que separa os jovens em termos econômicos, sociais e culturais, mais
providos, daqueles totalmente desprovidos disso tudo. Observa-se também que o
Estado deixa muito a desejar, no que se refere a procurar reverter esse quadro.
Isto porque é visível o crescimento dos números de jovens internados, por
envolvimento com atos infracionais.
Gera-se com isso, uma
grande camada de marginalizados. Solo propício, em meio à exclusão, ao
preconceito, à miséria, ao acesso fácil às “empresas” do tráfico de
entorpecente, ao desajuste familiar, contribuindo para a formação de um
ambiente fértil, ao surgimento da cultura da violência, manifestada de várias
maneiras em nossa sociedade.
Morais (1981, p.81)
ressalta que esta sociedade (capitalista) só pode gerar “aqueles que, não podendo acompanhar a maratona
do possuir, transformam a fragilidade que suas frustrações impõem num feroz
potencial de agressividade”.
O
pioneirismo agropecuário no Acre, a
partir do desenvolvimento dos movimentos sociais nos anos 70 e 80 coincidiu com
o desmantelamento da economia gumífera, trazendo como resultado a expulsão e
conflito dos seringueiros e posseiros, com os “novos donos das terras do Acre.
Podemos dizer que muitos desses jovens sejam os
filhos e netos dos desterrados, das pessoas expulsas dos seringais que
encontraram na cidade uma luta por educação, moradia, emprego, enfim, luta por
todos os bens necessários a uma vida mais digna. Porém, como sabemos, na lei da
vida e no sistema em que vivemos existe os que obtêm sucesso e os que fracassam.
Sempre é mais difícil para quem nasceu para perder, e no caso estes caíram no
patamar de exclusão e marginalidade de forma fácil.
A chegada dos paulistas ou também chamados
“sulistas” inovou a economia, com o surgimento daquilo que
consideramos como renda altamente concentrada. Por outro lado, houve uma “voz” imperativa de expulsão daqueles que
estavam na terra, gerou sérios conflitos e mortes.
Grande parte dessas terras compradas por meio de
mapas, ou por sobrevoo determinou a nova economia e os novos mandantes. Saem os
ricos seringalistas e as casas aviadoras e entram os poderosos agropecuaristas,
como projeto desenvolvimentista do Governo Militar.
Com efeito, desse desenvolvimento excludente
gerou-se um bolsão de miséria nas cidades acreanas, acrescentou-se a
marginalidade, a prostituição, o desemprego e outras mazelas.
A este respeito, Almeida Neto afirma que:
Por não oferecer uma infraestrutura capaz de
absorver o expressivo contingente populacional migrante, a capital do Estado, a
exemplo das demais cidades receptoras, passou a conviver com problemas diversos
nunca antes experimentados ou que jamais haviam atingido tamanha proporção,
tais como falta de emprego e moradia, aumento da marginalidade e da prostituição
[...] (Almeida Neto,2004, p.15)
Sem esta breve introdução da formação dos contingentes
populacionais periféricos, onde estão detectados com frequência os jovens com
problemas com a lei, seria impossível fazer uma análise sociopolítica da
marginalidade e delinquência juvenil em Rio Branco.
Percebemos que muitas vezes, a
delinquência e a marginalidade são formas de sobrevivência à dominação estatal
e da sociedade de consumo. As formas chamadas de violência simbólica podem se
manifestar também de diversas formas indo desde a emissão de propagandas de
consumo de produtos que não fazem parte da vida de muitos deles. Ou, ainda, por
meio da discriminação, exclusão e retiradas de garantias e direitos. Nesse
caso, trata-se da marginalização institucional.
Porém, como afirma Ângela Maria Patrício Lisboa, em sua tese de
doutoramento, referindo-se a uma das maiores infrações de jovens de camadas
baixas, muitas vezes, o crime ou delito deve ser entendido:
[...] como o
resultado da identificação dos jovens das classes trabalhadoras às práticas e
valores inerentes à subcultura delinquente. Quanto à delinquência juvenil [...]
possui as seguintes características: é não utilitária, maldosa e negativista. A
delinquência juvenil é não utilitária, porque tem, apenas a intenção de fazer
mal, é praticada sem pretender atingir nenhum fim. Os jovens roubam, não porque
desejem usufruir dos objetos, mas porque isso lhes dá prazer. Portanto, “o
roubo é uma atividade validada por si, à qual se junta a glória, a proeza e a satisfação
“(Cohen, 1955). Por outro lado, esta prática é maldosa, porque os jovens delinquentes
não [passa de] resposta coletiva dos jovens oriundos das camadas mais
desfavorecidas à experiência de frustração sentida após a tentativa falhada de
aquisição de poder e status. (LISBOA, 2008, p. 63-64)
De fato, o maior aumento de crimes violentos diário nas
delegacias, inclusive na DEPCA de Rio Branco que findam na reclusão, esses são
contra o patrimônio que cresceu alarmantemente. Nesse aspecto há uma estrita
relação entre a pobreza e o crime. O que se relaciona com a pós - ocupação
pecuarista, migração e formação da marginalidade, pobreza e periferias. E,
diga-se de passagem, a realidade das novas periferias sub-humanas, na cidade de
Rio Branco, é assustadora.
Conforme dados do (IPEA,2000), o Acre assume posição de destaque
bem acima de muitos estados em internações de adolescentes, onde pode ser
explicada pelo alto percentual existente de adolescentes privados de liberdade
pela prática de delitos considerados leves, como o furto, que responde por
27,7% dos casos desse estado. Vale ressaltar que para esses adolescentes
poderiam ser aplicadas outras medidas sócio educativas que não a internação.
A este respeito podemos
considerar que a pobreza viabiliza o trânsito, para o aumento das taxas de
crimes, contra o patrimônio.
No Brasil,
segundo dados obtidos por uma comissão Parlamentar de Inquérito, existem 15
milhões de menores abandonados ou, em estado de carência. No Rio de Janeiro,
mais de 50% de infrações penais praticadas por menores são crimes contra o
patrimônio. Este dado é praticamente universal. (FRAGOSO,p.9)
1.2 JOVENS EM
VULNERABILIDADE SOCIAL:
O
título deste subcapítulo sugere certa ironia, mas nos remete ao trato mais
aberto de como as crianças e adolescentes, sobretudo, oriundos de classes
desfavorecidas, foram e são tratados ao longo na história brasileira até os
dias atuais. Neste sentido,
apresentaremos uma síntese da obra, “A História das crianças no Brasil”, da
historiadora Mary DelPriore, para contextualizar os diversos riscos e
vulnerabilidades a que estão sujeitos os jovens das famílias mais pobres.
Sabemos
que os jovens vivem sobre as sombras dos adultos e de seus atos, vislumbrando
um futuro, sonhos e perspectivas de um futuro melhor. Porém, deste os tempos
remotos, da época colonial, eles eram esquecidos, onde pouco valor era a estes,
um pouco parecido com o que vemos na atualidade, os desfavorecidos amargam a
triste herança de um passado, marcado por escravidão, horrores e muita
exploração. Assim:
Resgatar a
história da criança brasileira é dar de cara com um passado que se intui, mas
que se prefere ignorar, cheio de anônimas tragédias que atravessaram a vida de
milhares de meninos e meninas. O abandono de bebês, a venda de crianças
escravas que eram separadas de seus pais, a vida em instituições que no melhor
dos casos significavam mera sobrevivência, as violências cotidianas que não
excluem os abusos sexuais, as doenças, queimaduras e fraturas que sofriam no
trabalho escravo ou operário foram situações que empurraram por mais de três
séculos a história da infância no Brasil. (DELPRIORY, 2013, p.03)
Na
sociedade colonial as correntes das senzalas já aprisionavam e ainda continuam
aprisionando, perseguindo e estigmatizando camadas sociais pobres ditas
perigosas, viciadas, promíscuas. As
crianças negras praticamente não tinham infância, muitas, inclusive, eram
rejeitadas e criadas por algum membro mais importante, tal como afirma a autora
acima referida.
[...]
o Senado de Vila Rica explicava a necessidade da roda de expostos ao Ouvidor
Geral, ficava dito que as mães, envergonhadas dos frutos de seus amores
ilícitos, "logo que os dão à luz os mandam levar às portas de casas
particulares, aonde ou os não recebem, ou, se o fazem, é já quando os míseros
recém nascidos se acham a expirar, tendo até sucedido serem devorados por
animais, sucessos que fazem gemer a humanidade (DELPRIORY, 2013)
O
racismo e preconceito irrigado na sociedade pós escravista afetava a vida de um
menor que precisasse ser adotado:
A recusa em
criar mulatinhos às expensas do erário público se insere num contexto geral de
horror à mestiçagem: a lei poderia aparecer como justa, mas a prática acusava a
mentalidade discriminatória dos colonizadores e colonos brancos, bem situados
na escala social. (DELPRIORY, 2013)
Comumente as crianças
eram abusadas sexualmente, de modo que a justiça aplicada era frágil ou não
davam a devida atenção, sobretudo para os meninos e meninas negras. Sem contar
nos abusos com excesso de trabalhos para sua idade.
A partir do
final do século passado, o trabalho do menor e o acidente do trabalho
constituem isoladamente pontos cruciais da questão social em São Paulo, quando associados,
adquirem conotação ainda mais ampla e mais profunda. (DEL PRORY,2013)
Percebe-se que até os
dias de hoje, ainda existe a exploração do trabalho infanto-juvenil. São
crianças em canaviais, carvoeiras, vendedores ambulantes, carregadores de feira,
vendedores de balas, engraxates e em outros diversos serviços. Demonstrando uma
realidade de forte desigualdade e por se tratar de crianças com menos dez anos,
muitas das vezes, podemos perguntar que futuro terão?
No final do século XIX,
já existiam diversos trabalhadores rurais e urbanos, sob duros ou terríveis
regimes sofrendo nas fábricas. Relata DelPrioreque:
Na fábrica de
escovas da rua Dr. Clementino - noticia O Estado de S. Paulo em outubro de 1913
- o menino Luiz, de 10 anos, (...), apesar de sua idade não lhe permitir a
permanência nos serviços daquela oficina, ali trabalhava às 10 e meia da manhã.
Em consequência desse abuso - prossegue o jornal - e da inexperiência do
pequeno operário, foi ele vítima de um acidente, tendo a mão esquerda apanhada
pela engrenagem de uma máquina, sofrendo o decepamento da extremidade do dedo
anular da mão esquerda. (DELPRIORY, 2013).
Geralmente, nos casos de acidentes, eram os menos
taxados de serem os responsáveis, os incapazes, e que não davam conta do
serviço. O que nos chama atenção disso é o fato de que ainda hoje traçam leis
para o menor retirando-os do trabalho até os 14 anos, mas não traçam políticas
públicas de investimento massivo em educação, lazer e cultura, pois sabemos que todos merecem os mesmos direitos, conforme
preceitua a Constituição Federal de 1988, como princípio para reverter as
desigualdades e garantir o cumprimento dos direitos dos jovens, na perspectiva
de evitar ou minimizar os significativos índices de jovens pobres e delinquentes. Destes, foram concedidas pelo
sistema, as oportunidades a que estes têm direito – viver com dignidade, ter
uma educação de qualidade e capacitação para o trabalho.
Com feito, as probabilidades desses jovens vulneráveis
se meterem com delinquência é de mais de 50%, como já foi afirmado acima. O
fato é que a juventude desfavorecida materialmente são os filhos de pobres ou
da pobreza. Que têm o direito de viver dignamente, de sonhar com uma vida
melhor. Estes jovens em idade de risco, são os vulneráveis, o elo mais frágil,
mais discriminado. E sem futuro.
O espaço
da pobreza é o solo político de uma sociedade hipócrita que fabrica estes seres
excluídos, acometidos pelas drogas e condições paupérrimas, que findam nos delitos. Mas o interesse real de uma pessoa pobre é o
de poder consumir, da mesma forma que outros jovens, mas não lhes são dadas condições
sociais melhores. No Acre tem aumentado o percentual de uma juventude que nem
trabalha e nem estuda, muitos por falta de oportunidade, pois poucas e sem
efeitos são as políticas públicas para os jovens.
Contudo, não podemos deixar de dizer que são
problemas essenciais, e que a violência são quebras, fraturas nas relações de
bom convívio social e solidariedade entre os membros da sociedade, com conflitos
com as normas jurídicas, estabelecidas na democracia representativa. E quando
muitos jovens têm seus direitos castrados: falta de emprego, de lazer, esporte,
capital cultural, possibilidade de obter melhor formação educacional, melhores
habitações, tudo isso, contribui para as manifestações de comportamentos violentos.
Tanto que isso é verdade, que diversos projetos sociais têm tido
êxito na periferia pelo Brasil a fora, no combate A cultura da violência, tais
como: mais investimentos na Educação, escolinhas de futebol e outros esportes,
aulas de músicas, cursos preparatórios, o Rap, grafite, projetos culturais
diversos que trabalham com grupos potencialmente violentos e prontos a serem
absorvidos pelo narcotráfico. Estas, dentre tantas outras, são alternativas de
humanização, socialização e educação de jovens em situação de risco social ou
em confronto com a lei.
No trabalho de pesquisa
da UNESCO BRASIL sobre violência e vulnerabilidade social em muitos pontos, é
colocado que este problema pode ser amenizado através do desenvolvimento de
políticas Públicas destinadas a esta clientela.
O não-acesso a
determinados insumos (educação, trabalho, saúde, lazer e cultura) diminui as
chances de aquisição e aperfeiçoamento desses recursos que são fundamentais
para que os jovens aproveitem as oportunidades oferecidas pelo Estado, mercado
e sociedade para ascender socialmente. (ABRAMOVAY&PINHEIRO,2002)
Segundo a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais
(FLACSO Brasil), o Mapa da Violência, 2014, sendo que em 2009 E 2012, também
foi terrível, POIS neste ano 337 pessoas foram assassinadas no país. Um aumento
de 7,9% em relação ao ano de 2011, quando 52.198 crimes contra a vida foram
denunciados. Sendo que na maioria dos casos, era de jovens contra jovens, e
oriundos da classe desfavorecida. E a violência que atinge adultos, é
resultante dos atos dos jovens perdidos e desvalidos.
A educação possui um papel demasiadamente importante e
definidor na vida do ser humano, quando a educação é ignorada, falta
qualificação profissional, faltando a qualificação, faltam oportunidades de
emprego para manter uma vida digna para um ser humano.
[...] A escola, cada vez mais, se dirige a públicos
específicos, distintos por sua classe social, limitando a interação entre
diferentes. Nesse sentido, a acumulação social passa a operar em círculos mais
restritos, favorecendo o isolamento de jovens e a exclusão ainda mais.
(ABRAMOVAY& PINHEIRO, 2002)
Como um antídoto, a não perspectiva desses jovens, a educação
aplicada em sentido amplo no Brasil, tal como fizeram outros países, a exemplo
da Coréia do Sul, torna-se um forte fator para a mudança social:
Por se tratar de um componente chave para a qualidade de vida
da população juvenil, uma primeira dimensão a ser analisada de modo a
compreender a situação da juventude na latino-americana é a educação. Ela é
considerada o principal instrumento para a elevação dos níveis de capital humano
e para promover o bem-estar de jovens e adolescentes. Além disso, a interação
que surge nas escolas também acumula capital social, já que ali se constroem
relações sociais, rede de amigos e contatos. (ABRAMOVAY& PINHEIRO,
2002,p.38).
Desde os tempos de colônia, onde a educação era dada somente
aos jovens brancos e filhos dos donos de terra e de poder político. Os índios e
os negros sempre ficaram de fora desse processo, tal como cita num texto de
Luiz Alves Matos, denominados Primórdio
da Educação no Brasil:
[...] no Brasil, entre a cultura e a realidade social
incorporou-se a nossa tradição e chegou até nossos dias. Ainda hoje lutamos
contra a inércia dessa tradição, procurando restabelecer, na educação nacional,
o nexo vital entre a cultura e a vida social, perdidos deste os tempos heroicos.
(ARRUDA ARANHA, 1996, p.117)
Com
o decorrer do tempo, a educação foi se estruturando, principalmente a partir de
fins do século XIX, porém ainda era elitista. Em meados da década de 1930, as oportunidades
de acesso à educação para os mais pobres ampliaram-se. Todavia foi nos anos 70
que ocorreu a “DEMOCRATIZAÇÃO” do ensino, em termos quantitativos, porém não
qualitativos, apesar de ao longo desse processo terem sido produzidas e
implantadas várias propostas pedagógicas, com concepções diferenciadas de
educação. A Escola Pública, a Universidade, se “abrirem” para as camadas
populares, porém a qualidade, a Excelência decaiu. O que significa dizer que a
crise da Educação no Brasil contribui para a exclusão dos mais pobres. Ou seja:
aos filhos de trabalhadores, em geral. Parece que ainda, de alguma forma, arrastam-se
as correntes das senzalas em nosso país. E o que é oferecido as nossas classes
é uma educação voltada apenas para as elites, uma escola qualquer para os
vadios e distribui-se violência para todos, sem distinção.
Quando chegamos ao
contexto histórico do Estado do Acre, muitas foram e são as dificuldades de
seringueiros e seringueiros que passaram a constituir a população da cidade de
Rio Branco, tendo como grande desafio lutar pela educação dos seus filhos.
[...]
a presença, nos arredores dos núcleos urbanos, de uma quantidade incalculável
de famílias de seringueiros, que com a crise abandonaram suas estradas de
seringas, vindo buscar formas de sobrevivência em lotes cedidos pelo Estado ou
por particulares nas proximidades das cidades, dando início ao que se
constituiu, futuramente, em colônias agrícolas. As crianças a serem atendidas
nestas escolas agrícolas eram filhas de e-seringueiros que seriam
transformados, em breve, em potenciais trabalhadores agrícolas. Contudo, as
famílias de seringueiros que permaneceram em suas colocações de seringa não
faziam parte desta clientela a ser atendida, permanecendo excluídas do processo
de escolarização.” (SOUZA, 2011, p.85)
Passaram-se vários anos, mas os
avanços da Educação no Acre, e no Brasil, como um todo, ainda são precários.
Caminha-se a passos lentos, num mundo cada vez mais competitivo, em que o
conhecimento é o principal fator de desenvolvimento humano e material. Segundo
o Site: Demonstrativo da Função Educação (FDE), o Governador do Acre em 2010, Arnóbio Marques gastou R$ 518 milhões com ensino fundamental. No ano
seguinte, já no governo atual, Tião Viana, a despesa caiu em mais de R$ 100
milhões, ficando em R$ 409 milhões. Entendemos entretanto que só um bom capital
não é o suficiente para que se aplique um bom sistema educacional, mas um trabalho
de políticas públicas para que se possa bem aplicar estes investimentos.
Para ilustrar esta questão, acrescentamos que
recentemente exercemos a função de professor de História, através da Secretaria
de Educação e Esporte. E, naquela oportunidade tivemos uma experiência terrível
em alguns pontos. Constatamos que a qualidade piorou bastante nas escolas
públicas. A evasão escolar também é grande. Com
efeito, os jovens não estão preparados e motivados para o ensino, o que
contribui, sobremaneira, para o ingresso no universo da delinquência. Outros,
precisam trabalhar para o próprio sustento e/ou da família, ou, ainda ficam
desempregados, o que agrava o estado de espírito e diminui o interesse pelos
estudos. Nem estudo, nem trabalho.
Mas, por que a escola torna-se desinteressante? As variáveis são
diversas, todavia o que é mais visível é o fato da Escola, do ensino, não
atender as expectativas do aluno, das demandas sociais e do mercado de
trabalho. Nem conhecimento, nem profissionalização. O encanto por aprender, a
descoberta de talentos e os desafios a inteligência, a criação não fazem parte
do cotidiano escolar dos jovens das escolas públicas. Pobres, desajustados,
eles se perguntam para que serve o ensino médio? Pensam eles: o que preciso é
de experiência. O pragmatismo sem fundamento, a dificuldade de se inserir no
mundo do trabalho e os “atrativos” da transgressão, fazem com que vários
abandonem a escola, que é excludente por excelência. Seguindo a mesma inversão
de valores, pensados no imediatismo, e a necessidade de se constituir
trabalhador, para ter uma renda, os impele, muitas vezes, para a economia
informal.
Eis o ciclo vicioso deste sistema
educacional “mérito crático”, fundamentado em dados oficiais que não traduzem a
realidade da sala de aula. Por fim, as crianças e os jovens pobres não têm as
mesmas oportunidades. Mas, os discursos midiáticos e policialescos projetado
pelas classes dominantes caracterizam as classes pobres, de perigosas, pela sua
própria naturalidade. O fato é que, “o pior cego é o que não quer ver”.
Violência desferida
pelos jovens pode ser contida na raiz. Uma das alternativas é adotar a educação
transformadora. No entanto, mesmo sabendo que não se combate crimes com flores
ou rosas, ou passe de mágica, mas por “transversalisação”, que no nosso
entender deve ser centrada na aplicação de políticas públicas, envolvendo áreas
de trabalho em comum, visando e monitorando seus resultados. Educação,
trabalho, lazer, cultura e outros pontos de ação com total articulação.
Todavia sendo
realista a transversalisação que propomos para não mais impor uma série de
medidas moralistas, legais e efetivas, inclusive a tão ditada regra da
instituição de se manter a família, onde tenha perdido o controle sobre os
filhos. São valores e culturas que devem ser
refreadas e outras avançadas.
Mesmo vivendo num país que alcançou seu Estado
Democrático de direito – onde busca-se que o brasileiro viva com dignidade, com
direitos iguais e oportunidade de participar de importantes decisões políticas
do Estado -, parece que se alastra a impunidade dos “maiorais” desse país. Para
atingir menos desigualdades sociais carece de reformas tributárias, quem sabe,
até sobre renda dos mais ricos, no ato de passagem de heranças, mais que
bilionárias. O sistema de tributo é injusto, fazendo com que, os que mais pagam
impostos, são os menos que têm menos condições.
Outros fatores relativos à corrupção que corrói
o país, “Qual um câncer”, nas esferas administrativas. Os gestores, os
políticos, que deveriam dar bons exemplos, pelo contrário, cometem
costumeiramente ilícitos que são divulgados pela mídia, e raramente estes são
devidamente punidos.
Afirmamos que a pobreza é uma das vias que
conduz à delinquência. Porém, a má distribuição de renda, os crimes de
colarinho branco, os que devastam ou roubam nossas riquezas, os que fazem uso
dos bens públicos de maneira particular, também cometem violência para com os
pobres e geram a desesperança nos jovens.
Enquanto não abolirmos a continuidade das fortes
oligarquias, os ilegalíssimos, “Do jeitinho Brasileiro” que fere a
Constituição, e envergonha os que lutam por um Brasil mais igual, mais
próspero, mais humano, ante o racismo e a discriminação social, em que os mais
fortes oprimem os mais fracos, estes dentre tantos outros também contribuem
para as formas de violência que assolam o Brasil, e repercutem nos
comportamentos das novas gerações.
Diante do
que fora afirmado, compreendemos que a violência urbana cresce em função da
miséria, da pobreza e da ineficiência estatal em punir adequadamente. Assim,
para haver pelo mesmo uma maior contenção desse nível de violência, tem-se
necessariamente que bater de frente na questão educacional, na questão da
impunidade e elaboração de medidas de segurança preventivas, mais do que
repressivas, de forma que somente quando passamos por mudanças na estrutura
legislativa, penal e sócio econômica do país, é que esta situação de crescente
violência por parte dos jovens em geral, se amenizaria.
CAPÍTULO
II - DELEGACIA DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA: DE SUAS AÇÕES
REPRESSIVAS AO ENCAMINHAMENTO DO JUÍZO:
2.1 – Um breve
histórico da criação da Polícia Civil no Brasil e no Acre
A
polícia no Brasil enquanto instituição
surgiu um pouco antes da
independência, mais precisamente a partir da chegada da família real portuguesa
em 10 de maio de 1808. Dentro do aparato repressivo do Estado deu-se uma
divisão e logo criou-se a Secretaria de Polícia
em 03 de dezembro de 1841 e esta foi o germe da Polícia Civil.
Desde cedo esta polícia aproximou-se do Judiciário, com o intuito de
facilitar a justiça, ao passo
que a polícia militar agia como uma extensão do exército, tanto que até hoje, um pouco dessas
tradições são mantidas.
A princípio houve
uma dificuldade para esta
instituição manter-se, pois no começo não haviam profissionais de carreira,
apenas funções e atribuições dadas a certas pessoas distintas.
A estrutura da Polícia Civil na década de
1830 paz que tinham autoridade de polícia e ampla responsabilidade pela
englobava os juízes de vigilância em seus distritos para prevenir crimes e
investigar os crimes cometidos (BARRETO E ASSUNÇÃO, 2008p. ????).).
A par da polícia preventiva, ostensiva, que se empenha
vigilantemente em proteger a sociedade e seus membros, assegurando direitos,
evitando prejuízos, prevenindo delitos e mantendo a ordem e paz pública, nasceu
uma nova modalidade de polícia – a Judiciária – com finalidade de descobrir e
perseguir criminosos que não foram contidos pelo policiamento ostensivo, colher
provas, proceder a inquirir pessoas, tudo concorrendo para que a Justiça possa
atuar”
(FREYSSLEBEM, 1993, p. ????).
Somente após
algumas reformas, sobretudo as de 1841 e 1871, é que podemos dizer que essa
Polícia se “libertou” do sistema judiciário, onde os cargos de chefe de
polícia, delegado e subdelegado se tornaram incompatíveis com o exercício de
qualquer função judicial. A partir, de então, todos esses policiais dos mais
simples ao de mais alto escalão passaram a profissionais efetivados,
carreiristas, especialistas. Com a reforma de 1871:
[...] houve a
separação das funções policiais e judiciais possibilitando assim a
especialização das funções de polícia. Os delegados e subdelegados, cargos para
os quais cargo para os quais nunca se exigiu formação superior em direito,
passaram a dedicar-se com exclusividade a funções estritamente policiais, além
de supervisionar o pessoal e administrar as delegacias. (BARRETO E ASSUNÇÃO,
2008p. ????).).
Assim se deu a
evolução da Polícia Civil, sendo que em 1988 a Constituição, em seu artigo 144,
vai de fato impor a importância dessa instituição para o zelo da ordem pública
e auxílio do poder Judiciário, do Ministério Público e de outras instituições.
Com relação ao Acre, admite-se que a Polícia Civil acreana tenha
surgido quando em meio a Revolução Acreana, Gálvez Rodriguez de Arias criou,
pela primeira vez, estruturas parecidas com esta instituição. Porém, bem
sabemos que nos primórdios dos seringais os seringalistas já contratavam
espécies de “capatazes” para mandar prender alguns “Zé da
onça” ou seja, pessoas que agiam com banditismo. Com Galvez temos então os
primórdios desta e de outras instituições:
Em meio ao conflito entre brasileiros e
bolivianos por este pedaço de solo, houve a necessidade de se criar um modelo
de policiamento que, embora não tivesse a mesma estrutura da Polícia Civil,
desempenhava função semelhante, com um quadro de “funcionários” (delegados e
agentes), cuja principal função era manter a ordem e auxiliar as demais
instituições que Galvez criou como o Judiciário. (200 anos da
Polícia Civil Brasileira, 2008)
Muitas eram as
atribuições da Polícia na época, atribuições que fugiam a questão de policiamento. Mas os
Departamentos ou Municípios ao nomearem seus Juízes de Paz exigiam um grande
esforço da Polícia Judiciária, a qual já apurava e fazia seus flagrantes e
inquéritos. Porém imaginemos as muitas dificuldades que tinham nessa época.
Assim só podemos pensar que eram terríveis “as condições precárias em que os
pioneiros da Polícia Civil acreana trabalhavam, além de atestar a coragem e a
força destes policiais que ajudaram a criar este belo estado chamado Acre.
Segundo consta, em
um breve histórico em folheto panfletário (Revista Polícia em revista, nº. 001,
ano 1, edição 2009, Rio Branco -Acre. 11p.), a criação da Polícia Civil do Estado do Acre ocorreu
somente após 1985. Antes disso, quem exercia o serviço de guarnecimento era a
Ex-Guarda Territorial. Embora, já existente na Constituição estadual, desde o
ano de 1963, com os seguintes artigos abaixo:
Art. 133. A Polícia Civil, instituição permanente do Poder
Público, dirigida por Delegado de Polícia de Carreira e organizada de acordo
com. os princípios da hierarquia e da disciplina, incumbe, ressalvada a
competência da União, as funções de Polícia Judiciária e a apuração das
infrações penais em todo o território do Estado, exceto as militares, sendo-lhe
privativas as atividades pertinentes a:
I - polícia técnico-científica;
II - processamento e arquivo de identificação civil e
criminal;
III -registro e licenciamento de veículos automotores e a
habilitação de seus condutores;
IV - licenciamento de porte de armas.
Art. 134. A Polícia Civil é estruturada em carreira,
verificando-se as promoções pelo critério alternado de antiguidade e
merecimento.
§ 1º 0 ingresso na Polícia Civil dar-se-á na classe inicial
das carreiras, mediante concurso público de provas e títulos, realizado pela
Polícia Civil, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as
suas fases.
§ 2º 0 exercício dos cargos policiais civis - privativo dos
integrantes das respectivas carreiras.
§ 3º Os cargos da carreira de Delegado de Polícia serão providos
por concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil, seção do Acre, em todas as suas fases, dentre bacharéis em
direito que possuam bons antecedentes e gozem de conceito social incontestável.
A
formação do quadro de pessoal da polícia judiciária ocorre no Governo de Jorge
Kalume no ano de 1985, por contrato e sem concurso. A regulamentação da
Profissão aconteceu por meio da Lei Nº 841/85, “Art. 49 - São dois os Tribunais
de Alçada: um Cível e um Criminal.”
Sabemos
que houve em anos posteriores, leis regulamentando o ingresso para o exercício
das funções de agente de polícia, escrivão e papilóscopista, exigindo ensino
médio, a lei complementar nº 7/2012 .
Para Delegado foi exigido curso superior em Direito. Aos peritos e médicos legistas
eram exigidos cursos requisito para o ingresso na carreira.
O outro ponto refere-se a criação da Polícia
Judiciária Acreana, tocando em seus atrasos e avanços. Percebe-se que esta
polícia vem se modernizando, e sendo composta por novos quadros, comum
melhor grau de eficiência no que
se diz respeito a eficiência nas prisões e têm demostrado um maior interesse na
buscar de criminosos. E zeloso dever de garantir o cumprimento da ordem e da
lei. E como diria Foucault (1999) é aparelho do Estado eficaz no
disciplinamento punitivo, conjuntamente com outras instituições repressoras.
Isto é, aplicar a lei e tornar dóceis os avessos à moral da polícia, ao comportamento, valores e regras
instituídas na sociedade.
Conforme relata José Elias Chaul, um policial
aposentado da Instituição, que passou por quase todas as
funções-
agente de polícia, delegado, corregedor diretor-geral, de Polícia e secretário
de segurança Pública. Quanto às dificuldades iniciais da sua carreira, ressaltando que:
Atuar na polícia de
antigamente era muito difícil, primeiro por que tudo era incipiente. O quadro
de material humano era muito pequeno e tinha treinamento. A gente trabalhava
mais com a raça do que mesmo com a técnica. Não tinha perícia, não nada, a
gente saia para uma diligência, por exemplo e não tinha como a família justiçar
e se morreu, morreu no trabalho, né. (p. 128. Brava Gente acreana: reimpressão. –Brasília: Senado
Federal, Gabinete do Senador Geraldo Mesquita Junior. Volume I.)
Com relação ao passado, o ex-policial
aposentado Elias Chaul exprime sua opinião e passos que a Polícia Civil deu
para uma maior qualidade, citando e elogiando a gestão do governador Rui Lino e
a gestão atual: “O Zé Rui
Lino foi um bom governador para a área de Segurança Pública. Ele adquiriu
equipamentos, viaturas, pouca coisa, mas que serviu muito. E outro, foi Jorge
Viana, que olhou com bons olhos, com carinho para as duas polícias do Estado, a
Polícia Militar e a Polícia civil.”(Brava Gente acreana: reimpressão.
–Brasília: Senado Federal, Gabinete do Senador Geraldo Mesquita Junior. Volume
I. p.128)
De fato, pode-se observar que a Polícia Civil
vem se desenvolvendo, destacando a reposição salarial, Plano Bresser, PCCR,
isto já na década de 1990, e entrando em outro milênio (2001), é criado a Lei
Orgânica da categoria, ou das categorias, mas muita coisa ficou a desejar.
Logo em seguida, na gestão do governador
Arnóbio Marques(2007-2010) tem-se a criação da Secretária de Estado da Polícia
Civil, e consequentemente maior autonomia na gestão dos próprios recursos.
Contudo, ainda são tão poucas para uma instituição que visa se modernizar
diante da dinâmica crescente do crime.
Na
polícia civil faltam garantias de direitos, menos micro - penalidades, diminuir
a burocracia e o autoritarismo interno e externo, enfim romper com o entulho
autoritário originários da Ditadura - Militar.
Figura
1 - Posto policial de Penápolis,
em 1912.
Fonte: Os Anos do Conflito – José Paravicini,
Cunha Matos, José Marques Ribeiro; vol. I; Marcos Vinícius e Arquilau de Castro
Melo.
2.2 - Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA)
e sua função constitucional:
Nosso objetivo primordial a ser tratado nesta
parte do trabalho é demonstrar as condições em que se encontra a DEPCA de Rio
Branco – Acre e suas possíveis melhoras, quanto, haja vista que a atual
estrutura não atende as demandas de uma sociedade em crescimento que têm por
área de circunscrição toda zona urbana e rural.
Também destacamos que os critérios para a
avaliação que fizemos da DEPCA foram com base nos seguintes itens: a
transmissão de informação e orientação à comunidade; condições
materiais; recursos humanos; tratamento, igualitário do público; transparência
e prestação de contas de suas atividades; E as condições de detenção, segundo o
que estabelece o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. A observância do
que prescreve os direitos humanos; a importância da “Delegacia do Menor” e
contentamento, ou não de seus sujeitos sociais com o trabalho que executam.
Primeiramente
queremos dizer que faremos uso de um documento, que possui em torno de 8(oito)
páginas chamado Manual de Procedimentos e Guia de Atendimento ao Cidadão, o
qual contêm algumas fotos e um breve histórico da criação da Delegacia do
Menor, atualmente a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente – DEPCA.
Trabalham na DEPCA servidores com expedientes diários, de 6 horas corridas,
alguns administrativos e outros operacionais. Porém, existem os plantonistas
com escalas de 24h por 72h, sujeitos a diversos fatos. Não podemos deixar de
dizer que os policiais não sofram um processo de “prisionização” também, além
do risco de vida constante. Conforme relato abaixo mencionado.
Mendes
e Leite (2004) chamam a atenção para as respostas fisiológicas do estresse,
integradas à vida diária dos trabalhadores nas últimas décadas. Esses ainda
dizem que a relação homem-trabalho pode gerar um estresse crônico com
aparecimento de sintomas, se a percepção do ambiente de trabalho não for
prazerosa e o trabalhador não sentir segurança no seu emprego [...] As
principais causas são: o excesso de trabalho, a execução de tarefas sob
pressão, a ausência de decisões no processo produtivo, as condições ambientais
insatisfatórias, a interferência da empresa na vida particular, a falta de
conhecimento no processo de avaliação de desempenho e promoção e a falta de
interesse na atividade profissional desempenhada (RODRIGUES, 2008, p.31)
Durante
a pesquisa, percebemos a sensibilidade de alguns policiais que costumeiramente
compram lanches para os adolescentes, esquecidos por seus familiares, já que o
estado fornece, dependendo de que horas entre o adolescente, apenas almoço e
jantar, que não são considerados como uma boa alimentação.
Atualmente,
a referida Delegacia dispõe de 02 Delegados de polícia civil de carreira:
Rafael Marcos Costa Pimentel (Coordenador) e Adolfo Oliveira Reges (Subdelegado),
bem como existem, em trabalho efetivo, aproximadamente 30 Agentes de polícia
civil, (04) quatro escrivães, além de dois estagiários que ajudam na confecção
de boletins de ocorrências.
Segundo consta no documento acima mencionados, existem 04
viaturas, porém vimos apenas duas viaturas e uma moto.
Historicamente tem
sido no Brasil um descaso pela infância e Adolescência, sobretudo em relação
aos menos desafortunados (pobres, índios e negros), somente passados duas ou
quase três décadas depois da Proclamação da República é que se cria o primeiro
código para tutelar o menor, sendo este bastante preconceituoso e
disciplinador:
Em 1927, um período em que aumenta o número
de indústrias no país, consequentemente as metrópoles e o acirramento da
pobreza da população, foi criado o primeiro Código de Menores. Neste Código, o
Juízo de Menores era responsável pela assistência, proteção, defesa, processo e
julgamento dos “menores” considerados “abandonados” e “delinquentes”, com idade
inferior a 18 anos. Ao juiz de menores eram atribuídas diversas competências,
dentre elas julgar e processar o abandono de menores de 18 anos e examinar o
estado físico, mental e moral dos “menores”. (CAL, 2007: p. 12)
Após esse código, em 1971 houve uma reforma,
depois as leis que vieram a ter mais impacto sobre os menores, pelo menos em
tese, foram a Constituição Federal de 1988, seguida do Estatuto de Criança e Adolescência
(ECA) de 1990. O ECA,
principalmente, é uma lei bastante protetora, a Constituição Federal dá
direitos que na prática estamos longe de obter, senão vejamos:
O Estatuto da Criança e do
AdolescenteArt.227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária,
além de coloca-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (ECA) entra em vigor em outubro de
1990 e substitui o Código de Menores e a lógica presente no mesmo. (CAL,2007:
p.18)
Não querendo apossar-se inteiramente do
discurso midiático, que coloca as classes pobres, como “classe perigosa”,
colocando-as sempre como propagadoras de violências. Mas dentro de uma
perspectiva da qual nenhum pesquisador ao tratar este tema conseguirá fugir por
completo, portanto tentamos refazer o cotidiano da DEPCA aqui em Rio Branco.
Para
recompor essa história vivenciada dos sujeitos da DEPCA nos apossamos do aporte
teórico relativo ao
cotidiano e conflitos seus diários de sujeitos, onde muitas vezes há harmonia e
solidariedade ou conflitos visíveis e não visíveis entre os sujeitos que compõe
a rotina de trabalho, do acompanhamento de seus filhos em conflitos com a lei.
O Cotidiano da Polícia Civil está marcado por
conflitos e contradições de seus sujeitos, onde o Estado deixa a desejar, a partir do momento em que mostra ser
omissos quando ocorrem corrupções dentro da Polícia Civil, para aqueles que prendem e custodiam por
obrigação, e mais ainda, para quem é preso, no caso os menores.
Nos exercícios de suas funções sociais bem
definidas, e eficazes, quanto às estratégias de ação contra a violência; na
medida em que não se combate, em primeira instância, com cordialidade, um mal
que tanto nos ameaça e nos amedronta, pois o crime não é apenas um aspecto da
violência nas cidades, mas o de grande importância negativa. Pois, em quase
todas sociedades a vida, a tranquilidade, a paz entre diversas necessidades
para uma vida digna são bens de maior grandeza.
A princípio temos os dados da delegacia na
atualidade misturando com a história antiga, marcada pela vivência de pessoas
que ali trabalham alguns por mais de duas décadas. São muitos processos,
documentos, muitas audiências, muitos casos, envolvidos com choro e desesperos
de muitos mais diante na infiltração dos filhos no mundo do crime.
Nesse trabalho nos apossamos e
fizemos uma análise história de um documento da delegacia entre tantos outros
documentos existentes, para resgatar um pouco da História da DEPCA de Rio
Branco, uma tentativa de reprodução com nenhuma imparcialidade, findando não
sendo reprodução. Vejamos um trecho desse relatório abaixo:
[...] em questão [quando] foi aflorado
inicialmente a Secretaria de Estado da Polícia Civil – SEPC, em conjunto com a
Organização em Centros de Atendimento – OCA, por dois dias consecutivos fizeram
treinamentos no Auditório do SEBRAE/AC da Avenida Ceará com os delegados
Coordenadores e seus Auxiliares (Agente/Escrivães) das
delegacias/especializadas, entre os dias 22 e 23/junho/2010 com o fito de
lançar Política de Atendimento ao Cidadão na Polícia Civil, tendo como
secretário da Polícia Civil o Delegado Emylson Farias da Silva e Diretora da
OCA Sídia Maria Cordeiro.( Manual de Procedimento-Resgate Histórico, 2010)
Pessoas/funcionários que colaboraram na
pesquisa:
Muitos foram os colaboradores para a
elaboração deste documento/pesquisa: Os seguintes policiais: Humberto Brígido Ramirêz,
Francisco Januário Fagundes, Antônio Ferreira de Souza (Quinturinha) Maurício
Rodrigues Buriti- ex-presidente do SINPOL, e Francisco Almeida Nogueira.
Mesmo não constando fotos do antigo prédio da
“Delegacia do Menor”, porém, pelo relato de Francisco Almeida Nogueira, Perito
Criminal, foi possível ter acesso a data em que começou o funcionamento da
Delegacia do Menor. Segundo ele:
Tudo
iniciou na década de 1979, o Governador do Estado do Acre era Joaquim Falcão
Macedo (de 15/Março/1974 a 1979) e o Secretário Segurança e Interior e Justiça
era Omar Sabino de Paula. Centro era localizada no Centro da cidade, em baixo
do palácio das secretarias. ( Manual de Procedimento-Resgate Histórico, 2010)
Conta Almeida que passaram alguns delegados
de destaque na fase inicial, tal como: Dra. Neném, Herculano Barbosa e Cabo
Dico todos (inmemorian), no qual destaco Cabo Dico, este já veio atuar em
outro endereço, não mais no “porão”, porém ficou no Conjunto Esperança até
1994, na Gestão do Secretário de Segurança Pública, Américo Carneiro Paes,
quando houve transferência para o local atual.
Conta o documento que na Delegacia
Especializada, os agentes eram chamados de Comissários de Menores. Muitos
desses agentes, de 1994 a anos antecedentes, Estão aposentados ou não estão
mais vivos. No entanto, percebe-se que sempre existiram problemas área de
recursos humanos. Quanto ao material utilizado pela Polícia, não se difere
muito do utilizado atualmente. Os veículos eram cedidos pela Secretaria de Bem
Estar Social, um fusca preto e branco, chamado de “Manduquinha” e outros
veículos emprestados(...): uma Kombi de cor branca. Não se fazia uso de armas
de fogo, pois era proibido.
Tal como acontecem hoje na DEPCA, a maioria dos casos, também
eram resolvidos através do
diálogo, se fosse bem grave o delito encaminhava-se, após ouvir os infratores,
o processo para o Ministério Público.
Por conhecer a DEPCA, decidiu-se que esta
poderia ser um ótimo objeto de estudo para a pesquisa de término de curso. A
vida cotidiana não está “fora” da história. Mas no “centro” do acontecer
histórico: é a verdadeira essência da substância social. ”(HELLER). O cotidiano
de uma delegacia especializada como a DEPCA, é marcado por conflitos visíveis e
invisíveis de uma sociedade que dissemina as desigualdades sócio econômicas, demonstrando
pouco cuidado com futuro dos jovens.
A
DEPCA é uma das delegacias especializadas, no entanto podemos dizer que não é
uma legítima delegacia de proteção à criança e ao adolescente, pois para isso
falta se equipar, acrescido do fato de ocorrências e demandas serem muitos.
Esta delegacia não consegue atender, conforme preceitua a legislação em vigor,
os adolescente que devem ficar em abrigos e não em celas. O que é comum. E,
seus familiares deveriam serem melhor acolhidos pelos especialistas existentes
na aludida delegacia, o que contribuiria para amenizar vários problemas, tais
como o de segurança e assistência para os menores em infração à lei e seus familiares,
além de mais conforto ao público e funcionários.
Para quem trabalha em meio ao
desconforto psicológico, E numa delegacia cheia de problemas, o nível de
estresse pode ser grande, provocando doenças, o que de fato ocorrem. No Núcleo
de Apoio Psicológico (NAP), com aproximadamente 10 anos de existência, há quase
400 pacientes. Na DEPCA são registrados, em média de 25 a 30 Boletins de
Ocorrências e diversos procedimentos cartoriais, inclusive muitos flagrantes.
Além de entregas de documentos diversos, que em cada procedimento são gerados.
Observemos, também que a DEPCA tem por competência somente a investigação e
apuração de atos infracionais praticados por adolescentes, o que a difere da
Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (NUCRIA) sendo esta responsável
apurar os ilícitos de menores infratores ou custodiá-los, até estes serem
entregue ao Promotor ou ao Centro Sócio Educativo.
O cotidiano muitas vezes traz concepções
pluralizantes ou relativas, tal como: a vida é uma guerra, o que torna a guerra
natural e aceita no trabalho, em casa, nas ruas, no país e no mundo. Na
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente – DEPCA, há esse conflito.
Todo dia há um movimento de adolescentes, a maioria entre 15 e 17 anos, sejam
eles presos por pequenos delitos, ou crime de baixo potencial ofensivo ou de
maior gravidade, ocorrendo conflitos não só com a lei, mas no ato da prisão, onde
policiais com “nervos à flor da pele”, chegam muitas vezes, a
maltratá-los. As famílias destes menores
infratores são intimadas e circulam angustiadas pela delegacia. Enfim, a
sociedade que é afetada pelas ações destes adolescentes, bem como os órgãos
Públicos da Justiça, e o último conflito se dá quando os adolescentes vão parar
em Centros Sócio Educativos.
Outro fator constatado através de observação
na DEPCA é a fragilidade desta não comunicação com os outros setores do sistema
judiciário. Os policiais desconhecem o destino do adolescente, após ser
encaminhado os documentos às instâncias até chegar Ao Juizado da Infância e
Adolescência. Inclusive, entre algumas propostas, apresentadas pela Secretaria
de Policia Civil, de melhorias estão: Integração com acessibilidade em um mesmo
local, ou seja, que todos os órgãos fossem com distância de metros e não de
quilômetros, os quais são: Polícia Militar, Polícia Civil, Juizado da Infância
e Juventude, Defensoria Pública, Setor de arma do Fórum, Centros Sócio
Educativos e Ministérios Públicos etc. Ou seja, que haja uma interação entre
esses órgão com elaboração de políticas públicas para a Juventude junto às
prefeituras fortalecimento e apoio aos Conselhos Tutelares do Acre, este devem
responsabilizar-se por elaborar:
[...] políticas públicas reorientadas no contexto das
reformas democráticas constituíram um avanço dos direitos civis e a
consolidação da política social como fundamento do Estado de direito. No
Brasil, o processo de consolidação da cidadania social tem suas especificidades
dadas pela ausência da relação entre direitos civis e políticos com a
implementação de políticas públicas que efetivem estes direitos [...] Nossa
expectativa é de que possamos produzir o fortalecimento de uma efetiva rede de
defesa da infância e adolescência e que principalmente, possamos contribuir
para a construção de políticas públicas comprometidas com a consolidação da
cidadania e a efetivação dos direitos de crianças, adolescentes e jovens no
âmbito municipal. (Diagnóstico da situação da criança, do adolescente e do
jovem em Belo Horizonte, 2013)
Observa-se
que grandes são as violações aos direitos das crianças e dos adolescentes. São
abusos diversos no Brasil. No Estado do Acre, a realidade não é diferente. Até
que ponto existe uma relação entre população marginalizada e os menores
infratores registrados? Vários destes jovens criados ao léu, sem futuro, no
contexto das periferias mais precárias existentes na cidade de Rio Branco.
A
DEPCA não cumpre as suas competências no que se diz respeito ao cuidado das
crianças e jovens, que não são bem acomodados devido à falta de estrutura da
DEPCA. As carências desta Delegacia Especializada são muitas, para que esta se
torne de fato, uma Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Um modelo
no atendimento acriança e adolescentes em situação de conflito com a Lei. Neste
sentido, o Estado deixa muito a desejar. É necessário se fazer e reverter este
quadro e os estigmas que recaem sob estes menores infratores registrados,
diariamente por pequenos, médios e graves delitos.
Em
se tratando dos policiais, eles não podem fazer sempre tarefas mecânicas e
subordinadas, pois isso desmerece o trabalho do policial que deve ser democrático,
cidadão e comunitário. Assim, a DEPCA poderia ajudar de forma integrada
formular políticas públicas direcionadas para esta clientela.
Deve-se
fazer mudanças no funcionamento das delegacias, sobretudo na DEPCA, a começar
pelos balcões de atendimentos, onde circulam informações destinadas a
população. Entendemos que deveria ser estruturado um setor composto por
profissionais de psicologia, assistentes sociais ou comunicação, bem como
deveria ter a sala de atendimento social. Dessa forma:
As
práticas sociais em relação às intervenções no atendimento aos adolescentes em
situações de conflitos com a lei, especialmente, no sistema socioeducativo,
incluindo os a atendimentos nas Delegacias de Proteção a Crianças e
Adolescentes, DPCA(s), podem ser configuradas como de não cidadania e boa parte
dos adolescentes, especificamente os que cumprem tais medidas ou que são
considerados “suspeitos” de ato infracional encontram-se submetidos a situações
degradantes e não garantias de seus direitos. (SOUZA, 2012, p.18-19)
Outro fato triste são as condições
de estrutura física do prédio. Uma velha e estreita casa, com seis salas,
chegando a faltar até cadeiras. Comumente chove dentro do prédio. Infelizmente
as delegacias em grande parte estão sucateadas. Não existe autonomia de
recursos para as delegacias, por isso, é de costume faltar recursos materiais
que afetam a segurança e o desempenho de um atendimento de qualidade. Ato este
que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente, pois os menores ficam alojados
em celas inadequadas.
Das 07(Sete) entrevistas que
realizamos com os funcionários da referida delegacia, estes foram quase
unânimes, em destacar a falta qualidade de vida, a necessidade de valorização do
trabalho que realizam e as precárias condições trabalho. Alguns pediram apoio a
Polícia Civil na luta por um Plano de Cargo PCCR –que garanta dignidade ao
policial.
Hoje,
da mesma forma, os supostamente “vagabundos” da atualidade, afastados do centro
da cidade de Rio Branco, por um processo de política de higienização, para
viver somente nos seus guetos periféricos, sentem-se que estão seguros somente
em seus casebres ou no local de trabalho. Assim, as muitas crianças ditas de
rua que perambulavam pelas ruas da cidade de Rio Branco, encontram-se hoje,
reprimidos em seus bairros, desprovidos de educação, trabalho educativo e
maiores oportunidades, fatos observados através de visitas aos bairros
periféricos.
Nesta
“selva de pedra” que é o mundo globalizado, centrado no Estado mínimo do
Neoliberalismo, nos âmbitos econômico e social prevalece-se o dever do
indivíduo para consigo mesmo. É nessa crise se identidade, que as identidades
coletivas se perderam, bem como as relações afetivas, e a violência cresce cada
dia mais.
Michael
Foucault, na obra “Vigiar e Punir” nos coloca, diante de algumas situações da
vida moderna, que contribuíram para explicar o ciclo de prisões de adolescentes
em conflito com a lei, onde estes já têm histórico familiar de pais, muitas
vezes, que têm problemas com a lei. A
vida destes jovens permanecem no “entre grades”, ou seja o sair e entrar para a
prisão. Outro fato que trabalha é que vivemos numa sociedade interdisciplinar,
e todas as instituições vigiam e punem, como forma de regeneração. Isto, então,
faz parte do controle social reinante na sociedade atual evoluindo para a
“sociedade de controle”.
Dessa
forma, a sociedade estabelece os papéis de cada um, de acordo com a posse de
bens e ocupações na sociedade. Criam-se tipologias institucionalizadas. Todas as
delegacias, presídios ou centros de internação têm esse papel regenerador. Portanto,
o abuso de poder é sempre recheado de fortes relações de poder. Onde, o
contínuo e os carcerários são seus funcionários. Mas, a sociedade inteira,
segundo Foucault está, também, composta de relações de poder.
O
suplício que outrora era no corpo, agora se manifesta de diversas formas na
sociedade. Formas estas de regeneração bastante sutis. A exemplo do que ocorre no
ambiente do trabalho, com as punições quando há: atrasos, faltas, supostos
desrespeitos e correlatos, até chegar ao nível civilizador e regenerador que objetiva
a civilidade, que é a internação ou prisão.
Os
dispositivos de poder numa visão foucualtiana, ou seja, os constituintes do
poder, vão compor as formas de controle social, atuando nos espaços visíveis ou
não, por meio de mecanismos coercitivos que controlam até os supostamente
“loucos” ou “marginais”, ou seja: reprimindo qualquer desvio de conduta.
Destarte, a polícia e demais instituições de controle social estabelecem os
sujeitos que compõem o negativo da ordem. São estes órgãos que controlam, E que
muitas vezes adquirem comportamentos “hitleristas” ou “fascistas”, mas, na
verdade não passam de proletários a serviço do “statusquo”, a esse respeito podemos
afirmar algo parecido na citação abaixo:
Nesse
contexto destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de
sua profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco
iminente para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças
dos superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes
riscos e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e
psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, p. 19-20)
O
objetivo é impor a disciplina e transformar pessoas incivilizadas em corpos
dóceis. Na realidade são estruturas de adestramentos, e uma delegacia É parte dessa
estrutura, tanto para as pessoas detidas, como para os funcionários que, de
maneira nenhuma, querem ter semelhanças em suas identidades, mas têm pela
condição social, pela dependência que têm do emprego. Tal qual uma espada
colocada em diversas pessoas, uma sobre das outra e todos sob o comando da
majestade. Ou seja: como alusão a uma passagem do livro Arte da Guerra de Sun
Tzu. Em forma de metáfora esta passagem mostra como disciplinar seus “soldados”
ou funcionários.
Por mais que queiramos negar vivemos essa
eterna vigilância hierárquica que está disseminada em todas as formas de
relações modernas de trabalho, inclusive na esfera técnica -administrativa.
Onde toda relação social é de poder.
Analisando,
selecionando, interpretando as entrevistas dos agentes, constatamos atos de uma
memória oculta que vêm à tona quando perguntados. Essa memória constitui o
social, o dia-a-dia de trabalho, o econômico, o cultural, as resistências, as
visões de mundo, enfim as representações sociais, tal como uma forma de
desabafo destes trabalhadores da área da segurança pública. Nessa ótica:
[...]
destacam-se os profissionais de segurança pública, que no exercício de sua
profissão, desenvolvem atividades que por si só já consistem em risco iminente
para a vida. Aliado a isso, poucas condições de trabalho, cobranças dos
superiores ou órgãos subordinados bem como da sociedade, acentuam estes riscos
e os tornam candidatos em potencial a serem indivíduos doentes física e
psicologicamente. (RODRIGUES, 2008, P. 19-20)
Há quem diga que nunca se trabalhou
tanto, isto porque a riqueza e frutos inventivos da humanidade têm se
multiplicado, mesmo em meio a uma enorme desigualdade econômica e social
alarmante. Todavia, a máquina do “progresso” também é a “máquina da demência”
gerando ao mesmo tempo uma sociedade patológica, do desconcerto e da inversão
de valores.
Nesse sentido, o serviço
policial é considerado o que proporciona ao profissional um grau avançado de
estresse.
Daí
o fato de a condição fronteiriça vivenciada pelos agentes penitenciários [ou de
polícias] torná-los desacreditáveis em alguns contextos extra- muros, nos
quais, trazer a público sua condição de custodiador pode torná-los depositários
de um estigma, num movimento de deslocamento do estigma que originariamente
cerca os presidiários. Em um segundo momento, os agentes penitenciários
tornam-se passíveis de outro tipo de estigma decorrente de psicopatologias do
trabalho, tais como: insônia, nervosismo, depressão, estresse, paranoia,
dependências químicas. Donde passam a ser estigmatizados pelos próprios colegas
de profissão, pelos quais passam a ser chamados, pejorativamente, de “xaropes”,
“beberrões” ou “gardenal”. (SILVEIRA, 2009, p. 8)
Hoje, na prática percebemos que o serviço
policial constitui um emprego para as baixas patentes, tendo em vista que a
maioria dos seus quadros compõe-se de todas as classes sociais para ocupar
posições onde haja mais qualidade de vida. Porém, apesar da grande “barca furada” que seja este emprego tem
estabilidade, E se constitui um intermediário entre viver com qualidade de vida
ou viver na plena “proletarização”. E tal com Marx fala a respeito do trabalho:
A economia política oculta a alienação na
característica do trabalho enquanto não analisa a imediata relação entre o
trabalhador (trabalho) e a produção. É evidente, o trabalho produz coisas boas
para os ricos, mas produz a escassez para o trabalhador. Produz palácios, mas
choupana para o trabalhador. Produz beleza, mas deformidade para o trabalhador.
Substitui o trabalho por máquinas, mas encaminha uma parte dos trabalhadores
para um trabalho cruel e transforma os outros em máquinas. Produz inteligência,
mas também produz estupidez e a cretinice para os trabalhadores (MARX, 2001, p.
113).
Por
tanto, em meio a uma grande demanda de serviços diários existentes na DEPCA-
Rio Branco, muitos policiais adquirem uma “visão fascista inconsciente do sistema”
e apresentam como enxergam os menores infratores, enquanto outros conseguem
enxergar alarmante desigualdade econômica e social. Assim, cada grupo vai ter
sua própria representação social:
[...]
o estudo das representações sociais construídas pelos policiais civis sobre sua
atividade profissional na DPCA, se constitui um importante instrumento de
análise, pois permite uma compreensão das concepções preponderantes que moldam
o “fazer” profissional na referida delegacia. A análise das representações
sociais deste grupo, contribui na identificação do “estoque de conhecimentos” e
de experiências que compreendem os “esquemas tipificadores” que interferem nas
práticas profissionais. (BERGUER&LUCKMANN,1985, p.49 )
O
fato é que esses grupos de policiais que trabalham nesta Delegacia
Especializada são bastante sobrecarregados, informações adquiridas através de
conversas com os agentes e escrivães, na qual são obrigados a trabalharem em
prédios, onde as salas para as audiências são poucas, nas quais faltam até
mobílias, tal como cadeiras. O prédio da DEPCA é apenas uma casa, com duas
salas de recepções, E mais 6 (seis) salas destinadas a todos os atendimentos
relacionados aos menores em conflito com a lei.
Está
claro que pelo que presenciamos neste período de quase um ano, que há carência
de recursos materiais, de material humano e de uma estrutura física adequada
para A DEPCA- Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Também não
existe estacionamento. O local é constituído de uma casa estreita, pequena e antiga. Diante de tal
quadro, imaginamos como são tratados os presos.
Há decepção com o trabalho que
desenvolvem devido às más condições existentes. A profissão de policial está
entre as primeiras colocadas, quanto ao nível de estresse e risco de vida,
ocasionando doenças de trabalho diversas. A remuneração deixa muito a desejar,
sendo este um dos pontos mais criticados pelos policiais, pois com esse emprego
não dá para morar melhor, alimentar-se dignamente, oferecer uma melhor educação
aos filhos, ter melhor lazer. Dessa forma, o trabalho que desenvolvem não
propiciam melhores condições de vida.
Verificamos também que a sala de
recepção não comporta os familiares dos adolescentes em confronto com a lei,
tanto da parte da vítima quanto quando do autor. No caso deveria haver um
espaço maior e separado. Também percebemos a necessidade de estagiárias de
psicologias e assistentes sociais, pelo menos duas, para acolher essas pessoas,
As quais deveriam atuar diariamente.
Em relação à qualificação da maioria dos
servidores que trabalham na DEPCA, os entrevistados deixaram claro que se faz
necessário, a ministração de cursos, realização de seminários, que discutimos o
Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja todos Estão lotados nesta delegacia
Especializada deveriam ser melhor preparados para o exercício de suas funções. Embora exista o Centro Integrado de
Preparo das Polícias, Na prática, a maioria dos policiais não participam de
cursos de reciclagem, com diferentes abordagens atinentes aos problemas com que
se defrontam no cotidiano.
Por mais que o governo federal tenha
investido, por um certo tempo, na capacitação do policial, concedendo
oportunidade deste melhorar a remuneração, desde que concluídos alguns cursos
por ano pela internet (SENASP), o fato é que o PRONASCI, um programa de bolsa
foi suspenso, além do mais, este não conseguia preparar todos os policiais,
pelo fato de muitos não terem acesso a esta oportunidade. A este respeito,
Fernando José Morais referindo–se à situação do interesse pelo preparo de
policiais na instituição, afirma que:
Isso é positivo por dois motivos, primeiro
porque esses policiais mais novos já aprenderam o suficiente com os Agentes
antigos sobre a forma como a instituição funciona; segundo porque eles (os
policiais jovens) significam “renovação”, já que se formaram sob uma nova
sistemática jurídica, e por isso, são mais comprometidos com a Instituição.
Isso não significa que os Servidores mais antigos não tenham esse compromisso
social e jurídico, mas eles se formaram num tempo diferente, cujas perspectivas
eram outras, onde a função primordial deles era defender o Estado e não a
Sociedade, como ocorre atualmente. (2007,p.31)
Durante a pesquisa, percebemos que nas polícias,
de maneira geral, falta mais preparo, para estarem sempre se atualizando com a
utilização de cursos de reciclagem, além de choque de gerações de policiais.
Porém, é certo que todos carecem de melhor preparo, e na DEPCA deve haver mais
cursos sobre direitos humanos, atendimento ao público, e os direitos das
crianças e dos adolescentes que não podem ser violados.
Num breve panfleto da OAB: Cidadania e
Segurança: Superando o Desafio, percebemos que o sistema de Segurança Pública e
suas falhas, faz parte de uma insegurança maior existente na sociedade que:
Assumindo feições próprias, a insegurança
está representada em quadros como: desemprego ou insegurança no emprego; a
corrupção generalizada; as grandes injustiças sociais; a impunidade, as fraudes
previdenciárias e do sistema financeiro; a falta de acesso aos sistemas de
saúde e educação; a inexistência de tempo para lazer; a agressão ao meio
ambiente; a desagregação familiar; as políticas governamentais ineficientes de
apoio à criança; ao adolescente; ao idoso e demais minorias; as poucas
oportunidades de subir na vida pelo trabalho honesto; a iníqua distribuição de
renda; a falta de crença popular nas instituições públicas; a taxa de agiotagem
praticada por indivíduos e instituições; a prostituição infantil; o trabalho
escravo envolvendo menores e adultos; a violência na intimidade diária do lar
pelo clic da televisão que super dimenciona o ato do crime; o ato bandido; a
ação policial; da morte “necessária”...Contudo, numa leitura semiótica, pode-se
constatar que o corpo abatido simboliza a violência ainda codificada como
violência nas estatísticas oficiais: a fome, a miséria, a desigualdade na
distribuição dos benefícios sociais, a tensão permanente entre governo e
sociedade, a decomposição dos valores éticos, morais, culturais e jurídicos
que, cada vez mais, tornam-se regras de conduta geral plenamente aceitáveis
como ‘normais.
Considerando o exposto acima, a
questão sobre segurança pública e a relação dela com o menor infrator é bem mais complexa, vai além do que aplicar
penas mais duras. E a Segurança Pública faz parte de um sistema onde:
[...] as dificuldades de definição de
paradigmas para a segurança pública e sua projeção funcional, não se admite
além de obscuras quanto à carga de ideologia que encerram, não permitiram um
modelo definido que atenda não somente ao Estado, mas também à sociedade.
(LEBA, 2001)
Em julho de 1999 foi publicado um
breve artigo intitulado: Segurança Urgente! Que começava assim:
Por mais que se tente abafar é notório a
insatisfação geral da população de nossa cidade com relação ao sistema de
segurança pública. Segurança Urgente! E sem dúvida nenhuma este é clamor da
sociedade acreana que se apavora com a crescente onda de violência e
criminalidade em nossa capital nos últimos dias.
O Governo por sua vez, juntamente com a
Secretaria de Segurança e Justiça do Acre, infelizmente está deixando muito a
desejar na tomada de uma solução urgente para o problema que tanto afligem os
acreanos. Sabemos que atual quadro da polícia civil e militar existe uma
necessidade iminente de renovação, ou seja, é muito grande a defasagem e
despreparo de agente de polícias, assim como de servidores. Estes em sua
maioria estão poucos qualificados para exercer essas funções de modo
satisfatório.
Nas delegacias e, principalmente no
Presídio Estadual, as condições de estruturas não oferecem qualidade material e
pessoal. Atualmente, os profissionais que estão prestando serviço naquela
Unidade de Detenção, (Corpo de Bombeiro e Polícia Militar) são comprovadamente
inadequados para prestarem um serviço com qualidade civil-técnica e segurança necessária
que proporcione tranquilidade às famílias de detentos que estão cumprindo pena
neste Presídio. Além disso, estas pessoas deveriam estar a serviço de toda à
população.
Com efeito, são comuns as fugas, as denúncias
de truculências nesta Casa de Detenção, como no último caso, que culminou com a
morte de detento que teve sua cabeça esfacelada por um tiro de fuzil, quando
tentava fugir do presídio. (JORNAL O RIO BRANCO – JULHO/1999).
O trecho deste artigo, acima
expresso, demonstrava o estado de desumanidade, pois neste presídio havia sido
morto recentemente um preso que teve sua cabeça esfacelada com um tiro de
fuzil, quando este tentava fugir do presídio, além de ainda fazer denúncias
relacionadas ao caos da segurança, em geral, naquela época.
Portanto não podemos negar os
processos de rupturas, por meio de uma tempestuosa série de eventos
conflituosos. O cotidiano estabelece os códigos de sustentação do que pode e do
que não pode, do que deve e do que não está dentro deste determinado ambiente
cultural, sendo dessa forma forjados os conflitos que culminam em violência
prisional, nos centros de internações de menores infratores. Assim, mesmo entre
os agentes penitenciários, agentes de polícias, policiais militares, muitos conflitos
cotidianos e violência. Enfim, a cidade de Rio Branco que há tempo deixou de
ser a pacata a “Grécia dos tempos” de Péricles, agora seus moradores têm a violência
como o pão de cada dia.
CAPÍTULO III: ANÁLISE DAS “NOTÍCIAS CRIMES”
DE 2010: OS TIPOS CRIMINAIS E O PERFIL DOS MENORES INFRATORES
3.1. O objeto de pesquisa: uma breve
apresentação dos Relatos Criminais
Em 1999 os registros das ocorrências nos DPs de Rio
Branco ainda eram manuscritos, feitas nos livros de ocorrências policiais
diversas. Ou seja: não havia os BO’s eletrônicos. Mas um dado é importante
durante os plantões de 24 horas, policiais, havia em média em torno de umas 20
ocorrências diárias. Conforme pesquisa nos livros da época.
Passados uns cinco anos os DPs já
tinham os BO’s eletrônicos, no sistema chamado Inforpol, que continha um
sistema de análise criminal em boa aplicação. O fato é, eram em 2005
registrados em média de 25 a 30 BO’s, prova clara que subiu a criminalidade em
função nítida do aumento populacional da cidade e da maior dinâmica do crime em
face da (des)contenção da violência ou seja não existia proporcionalmente uma
política de Segurança Pública de acordo com as demandas da sociedade. Para
termos uma ideia melhor do que seja e qual a função do BO, citemos Tristão
(2007):
O BO
confeccionado pelo policial no local da ocorrência é remetido para uma
delegacia, para o comandante da Unidade Policial ou para a chefia do órgão responsável
para a solução do problema verificado. O documento constitui, na verdade, a
peça originária do consequente Auto de Prisão em flagrante ou Inquérito
Policial para ser desenvolvido em sede judicial, ou seja, pela polícia
judiciária. É a peça que motivará a ação dos demais órgãos na solução de
problemas peculiares de natureza cível ou criminal. O registro do BO tem como
finalidade, também, o desenvolvimento de estudos estatísticos, que têm
significativa importância na elaboração dos planejamentos das atividades de
polícia preventiva (p. 21).
Entre todos BO’s
produzidos se sobressaem os seguintes delitos: os levíssimos, onde o
adolescente entram por coisas muito simples, não chegando quase a delinquir.
Estes muitas vezes nem são registrados, são presos apenas por protocolo e
proteção, sendo chamados os pais e liberados, registrados apenas no livro de
ocorrência diária, por exemplo: menor encontrada em lugares ilegais para a
idade. Outra modalidade trata-se dos protocolos de fato ou infrações de pequenos
porte, estes são registrados passados para representação ou TCO’s encaminhados
muitas vezes ao MP ou não sendo resolvidos e arquivados na delegacia. Ex. um
briguinha de escola sem maiores agravantes. Depois temos os BOC’s que são
infrações/ crimes de médios portes tais como: furtos, menor pego com pequenas
quantidades de entorpecentes, pequenos furtos, brigas, ameaças, injúrias, lesão
corporal leve e outros. A seguir vêm os Flagrantes de fato que menores que
cometem crimes de grande porte podemos dizer assim, por exemplo: roubo
qualificado, furto qualificado, tentativa de homicídio, homicídio e outros.
Porém, existe ainda Os relatórios que são procedimentos ou processos que por
falta de maiores investigações não estão concluídos.
A
circunscrição da Delegacia do Menor ou DEPCA abrange toda região metropolitana
de Rio Branco e áreas rurais.
Quanto
aos procedimentos adotados, a Delegacia do Menor Utiliza: AAF’S, Relatórios
como falamos acima e os BOC’s nos quais vamos nos ater nesta pesquisa, serem de
relevância e maiores volumes. Como sabemos em todos os casos mais graves os
adolescentes são encaminhados para os Centros de internações.
No ano de 2010, pelo que podemos
perceber na pesquisa de 91 ( noventa e um) BOC’s e em outros procedimentos foi
um ano nesta especializada que houve um aumento de homicídios dolosos de
fevereiro a abril bastante acelerado, da mesma forma aconteceu nas tentativas
de homicídios; roubo em comércio; roubo em residência roubo em via pública.
É inegável que nos
últimos anos o Estado não tenha tido um certo desenvolvimento; mas mesmo assim,
não consegue atingir os anseios nas promoções de políticas públicas que
alcancem às demandas da sociedade acreana.
Pois o
sistema produz naturalmente exclusões, de modo que as periferias não são
beneficiadas, mas pelo contrário, são excluídos dos espaços dos centros. Dessa
forma (Morais, 1983) explicita:
[...]
E o Brasil, conquanto não seja nem de longe o único país onde existem menores
desvalidos, apresenta um dos mais graves quadro do menor desamparado. (p. 61)
Na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente
não foi diferente, tendo em vista que, a maioria dos criminosos são jovens,
sobretudo os de 15 a 17 anos de idade, e todas essas forças e planos policiais
são em sua maioria para prender o seguinte perfil, ou seja:
[...]
A experiência demostra que as classes mais favorecidas são praticamente imunes
à repressão pena. Livrando-se com facilidade, em todos os níveis, inclusive
pela corrupção. Os habitantes dos bairros pobres é que estão na mira do
aparato-judiciário repressivo e que, quando colhidos, são virtualmente
massacrados pelo sistema. (FRAGOSO, s/d, p. 03)
A Polícia Civil e Militar por sua vez cada uma
dentro de suas atribuições corriam atrás de cumprir mandados de prisões, busca
e apreensões, essa era um Plano de Ação Integrada que não consegui resolver a
crescente de uma criminalidade em dinâmica.
Mas voltando aos BO’s que em cada
BOC (Boletim Circunstanciado de Ocorrência) ou em outros procedimentos têm
2(dois): o BO Militar e o BO da Polícia Civil, sendo que fica claro a diferença
entre eles, pois existe uma questão mais técnica e padronizada por parte dos BO’s
da PM, envolvendo o distanciamento adequado para a questão ou terminologia
Penal.
Ao chegar a notícia do fato na DP no
calor das emoções, o cidadão vem mais desabafar, pois nem sempre é possível de
fato prosseguir com o caso, haja vista que as vezes faltam mais provas e
indícios. Daí que mesmo na delegacia há um certo distanciamento em relação as
formas corretas de tratar a infração/delito. Entre os próprios policiais não
possuem nem todos são formados em direito. Porém, há grande diversidade
cultural, várias formações na Instituição, além deles sofrerem a ação das
gírias, enfim, somente no Poder Judiciário é que se têm a definição correta
junto a aplicação da lei que é dada a cada caso. Nesse sentido, Costa (2009:
p.19) afirma:
[...]
No âmbito da segurança pública, especificamente na atividade de Polícia
Judiciária, o aumento da violência desencadeou na população a necessidade de
compreensão dos termos que são usados na comunicação policial, para que
entendam os processos nos quais participam, já que o público das delegacias de
polícias aumentam com a criminalidade, devido ao registro de ocorrência.
Essa gama de BO’s,
em acréscimo instruem diversos procedimentos: alguns são encaminhados ao MP,
depois ao Poder Judiciário. Muitos são arquivados na delegacia ou no MP. Porém,
no caso dos que vão compor o Inquérito Policial que é o procedimento
persecutório à ação penal ou seja um conjuntos de documentos, indício, provas
diversas que fundamentam a denúncia. Estes caminharam com a investigação.
No caso dos BO’s, que têm os menores
como autores de seus delitos, serve para instruir o Procedimento Especial do
Adolescente infrator que como vimos acima são vários, podendo inclusive ficar
arquivados. O fato é que os BO’s são peças fundamentais, e se feitos de modo
eficiente pode levar ao início de uma boa investigação, sendo consultado por
todos, promotores, juízes e advogados. Bem como nos descreve Costa (2009:
p.25):
[...]
Se a Polícia Judiciária alicerçar com precisão os argumentos que comprovam o
fato, dificilmente o MP irá proceder ao arquivamento ou requerer diligências.
Para isso, a polícia investigativa deve utilizar uma linguagem com termos
inteligíveis na sua comunicação.
Na prática aqui no Estado a
confecção dos Boletins de ocorrências tanto da PM, como da Civil não exigem
maiores conhecimentos. Por falta de um maior efetivo de policiais no serviço
operacional, administrativo, cartorial e atendimento do público. A Secretaria
de Segurança Pública deste o final da década de 1990 trabalha com estagiários
universitários, hoje com contrato com empresas que fornecem o serviço de
confecções de Boletins de Ocorrências. Já a PM qualquer um pode fazer os BOs,
podendo ser oficial ou soldado recruta.
Como dissemos iremos trabalhar com
os BOC’s, sendo que dentro destes estão outros documentos como Termos de
Declaração, Laudos, BO’s, Certidão de Nascimento dos envolvidos, Autor de
Apreensão se for o caso, dentre outras. Um BOC é um conjunto de procedimentos,
portanto, são “papeis velhos” de valia ao historiador pesquisador. Pois,
qualquer caso contado e colocado no papel vira ficção/informação. São muitas
emoções vividas no cotidiano de todos profissionais da DEPCA e das delegacias
de modo geral.
Cabe ressaltar que todos estes
procedimentos onde se acumulam calhamaço de papeis ou procedimentos são feitos,
sobretudo, pelos delegados, escrivães e investigadores. Assim, precisa-se de um
mínimo de informações técnicas para as primeiras providências. Toda
investigação é interdisciplinar, onde há complementos entre as partes das
investigações. Por ser a investigação um processo científico permite constante
aplicações julgadoras do seu autor; porém a investigação criminal serve mesmo
como ferramenta para garantia de direitos humanos.
As práticas criminais ou
infracionais por atentar contra os direitos fundamentais, contra a própria
democracia, exigem ações protetoras e assegurados da liberdade e da verdade,
daí está a razão de ser da Polícia Judiciária.
Como já falamos anteriormente, que
vai a uma delegacia, mais especificamente à DEPCA de Rio Branco não vai
encontrar uma situação agradável. Pois se trata de uma delegacia pequena,
praticamente uma casa pequena com poucas sala, totalmente deixando a desejar na
acomodação, enfim com uma infraestrutura péssima. Sem contar que a pessoas que
vem comunicar só vem por que aconteceu ou está acontecendo algo desagradável
com esta. Conforme Costa (2009: p.50) retrata o motivo das pessoas em
delegacias:
[...]
geralmente, é para apurar a autoria de um crime, noticiar um assalto ou simples
perda de documento. Entretanto, poucas pessoas conhecem a estrutura interna de
uma DP, por isso julgamos importante explicar os seus setores, pois esse
conhecimento ajuda a entender o modo como são produzidos os documentos
policiais.
Para confeccionar BO’s com mais
perfeição e credibilidade, assim como para fazer todos os tipos de documentos,
ouvindo as vítimas, os autores, e testemunhas, bem como para trabalhar e
acomodar visitantes necessita-se de uma delegacia de uma delegacia mais
estruturada. Com no mínimo, a) sala de recepção, espera, balcão de atendimento
e triagem; b) Sala de Atendimento ao cidadão – onde são registrados os BOs, já
necessita de maior silêncio; c) Duas secretarias de preferência com assistentes
sociais e psicólogas. Outra secretaria de Gabinete onde cumpre os despachos do
delegado; d) Gabinete reservado ao delegado, esta ampla; e) Cartórios com pelo
menos três secções exclusivas cada escrivão; f) Secção de Investigação; g) Sala
individual exclusiva para não expor alguém em casos de vexames; h) Sala de
contenção ou xadrez para os menores detidos.
No entanto, na DEPCA de Rio Branco a realidade é bem
outra. Esta Especializada constitui-se de uma verdadeira tortura psicológica
para todos. A demanda é muito grande de pessoas aqui e deixa o transtorno. No
momento que ocorre vêm logo os familiares e estes precisam serem acomodados,
mas não tem estrutura de espaços físicos. Daí como tem pouco mais de três
“salinhas”, fica tudo no improviso e trabalho sai mal feito, todos são ouvidos
ao mesmo tempo. Além de não ter pessoas especializadas (assistentes sociais e
psicólogas) nem sala para a investigação também tem. Nas salas, muitas vezes,
ficam três escrivães e três menores e três responsáveis. Com uma nova estrutura como novas salas,
seria diminuído essa história e essa delegacia começaria a humaniza-se e o que
muito esperam com um bom projeto de Gestão da Secretaria de Polícia do Estado
do Acre.
Mas quem são os adolescentes infratores que
ingressam na DEPCA de Rio Branco Acre, que entram uma ou várias vezes, tal como
um entre grade e entre internação? Que responde processo, judicialmente?
Podemos como identificar os autores desses delitos e infrações relacionadas às
populações marginalizadas? Sim, na medida que são em sua maioria compostos por
moradores de bairros periféricos de nossa capital.
Porém, esta visão pode ser um discurso midiático que
em parte coloca como os registros da delinquência dos crimes, da vadiagem,
sujeitos incorrigíveis e indesejáveis como um impulso somente das classes
pobres, reforçando com isso a tese de um endurecimento das leis, ou seja, uma
aplicação do Estado de direito penal Máximo e de direito Social Mínimo.
Claro que existem e sempre existiram
os mecanismos de controle social e violência quanto aos crimes imediatista,
onde deve haver prevenção, erradicação e até repressão, conforme cita Jhoann
(2011 : p. 15).
Para
a satisfação da pretensão punitiva o Estado vale-se da persecução penal.
Através dela busca-se identificar a existência do fato criminoso, bem como sua
autoria, impondo-se, por meio do devido processo legal, a sanção penal ao autor
declarado culpado. A persecução penal é dividida em duas etapas, a primeira
desenvolvida pela polícia judiciária denominada investigação preliminar, no
âmbito de inquérito policial, e a segunda pelo Ministério Público, enquanto
titular da ação penal, e excepcionalmente, pela vítima.
Precisamos aqui
diferenciar crime de violência também.
Mas há uma associação entre estes. Entendemos como violência o fenômeno que
afeta a sociedade ou segmento deste causando uma corrosão. Ela pode ser
econômica, institucional, simbólica, cotidiana, criminal e política.
O crime por outro lado é uma
violação do direito penal. A associação entre crime e criminalidade faz com que
as pessoas pensem que deve haver um excesso de poder do estado para reprimir.
Daí sabemos estudando o mapa da violência que o crime tem cor, matam-se,
sobretudo, jovens negros, e o Estado ainda comete bastante violências e chacinas
contra estes.
Em nossa pesquisa com cerca com 555
(quinhentos de cinquenta e cinco) mapas referentes a Relatórios, flagrantes e
de BOC’s de crimes diversos praticados por menores, bem como o aprofundamento
específico em 91 (noventa e um) BOC de 2010, verificando e analisando todos seus
documentos componentes. Assim como vendo na prática como agente policial e por
meio de conversas com menores infratores, e que há também presos ocasionais de
classe média, mas entre eles isso fica abafado, presos por diversos crimes,
onde o consumo das drogas quase sempre fazem parte, essa visão pode estar
distorcida um pouco, mas por mais que tenha uma parcela mínima de infrações de
pessoas mais “bem criadas” a maioria são pobres mesmos, com famílias
desestruturadas de alguma forma.
3.2. Uma análise do perfil
socioeconômico do menor-infrator
O perfil do infrator é o seguinte:
jovens que têm certo amadurecimento precoce para muitas coisas, em sua maioria
estão na idade entre 15 e 17 anos, tendo abandonado os estudos em sua maioria
no ginásio, a maioria não trabalha, são jovens carentes, por isso, tem o desejo
se consumir e quando não conseguem vem atos de agressividade e fúria, enfim vão
parar na violência.
O problema dos menores infratores são uma nesse país,
em meio a essa pesquisa descobrimos que os jovens desfavoráveis não têm futuro.
Daí a menoridade penal não resolve nada aqui no Brasil: um país injusto que
condena as pessoas pelo fato de serem pobres, pardas, descendente de indígenas
e negras. Caso isso houvesse, sabe-se que cresce o índice de criminalidade
entre os jovens entre 14 e 15 anos. Esse problema provém de famílias
destroçadas e sem amparo do Estado, da miséria e da pobreza histórica em que
vivem estas famílias abandonadas a três ou mais gerações, excluídas de um
padrão de vida melhor. Sei que olhando e sentindo pelo prisma e brisa
emocional, não tem como racionalizar e fazer um estudo mais fraterno, mas fora
disso, o problema é histórico social: falta: educação; há pobreza crônica,
discriminação social e de cor, falta saúde, emprego, moradia oportunidades e
bens materiais, social-cultural para os jovens desfavoráveis em todos os
sentidos.
Tal como um ciclo vicioso, Braga (2007: p.138)
coloca que muitos podem já serem filhos de pessoas presas o que passaram pela
prisão, mas esse raciocínio pode estar entre os excluídos socialmente e com
poucas oportunidades em meio a pobreza. Senão vejamos abaixo:
O
adolescente filho de um preso também tem aspirações. Nesta fase ele se rebela
contra tudo e contra todos, é a fase dos questionamentos, da afirmação, mas
esse jovem está estigmatizado. Vai se afirmar como? Vê as outras pessoas bem
vestidas, sadias, esbeltas, alegres, e pergunta: “por que as crianças têm
coisas e eu não tenho? Por que outras pessoas têm o que comer e eu não? Por
tráfico que as meninas não querem me namorar.” Eles também querem curtir a
vida. Sem horizontes, esses jovens seguem o caminho do roubo, do assalto, do e
viram bandidos como o pai.
Para continuarmos definindo o perfil desse menor
infrator que passa pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente aqui
em Rio Branco, que agora sob o aumento de “proteção” por conta de leis, por
isso, não são mais meninos de rua e infratores. No entanto, ainda
assemelham-se, pois a maioria constituem, Tal como De Ataíde (1993 : p. 13-14)
afirma:
[...]
“geração perdida”. Não perdida apenas educacionalmente, mas, de maneira
inconteste, fraturada pela carência de atenção mínima. Fala-se de amor, de
carinho, de cuidados básicos, de família de proteção. Como recuperar milhões de
menores tiveram o desalento como razão das estratégicas de sobrevivências? Como
pensar que esses filhos do nada, pessoas que estão já na segunda geração de
abandonados, poderão ajustar-se à rotina da vida cidadã? Depauperados moral,
social e civilmente, poderão esses jovens se integrar na sociedade que lhes
impõe um padrão de consumo inalcançável?
Como sabemos e já mencionamos aqui em Rio Branco os
migrantes que vieram para cá na década de 1970, vieram a ocupar e construir
seus espaços e fazer seus viveres com muita dificuldade. Nem todos tiveram a
mesma sorte nas ocupações de terras para construções de seus “barracos”, para
obter maiores qualificações para si e para seus filhos. Formou-se uma
mão-de-obra pouco qualificada, atuando como: ajudante de pedreiro, vendedores ambulantes,
carpinteiros, capinadores de quintais, estivadores, grandes e pequenos
carregadores no mercado dentre inúmeras profissões, onde muitos trabalham
sazonalmente, em “bicos” quando tinha e têm.
Atualmente houveram várias novas “invasões” e novas
guerras pela vida que se dá na luta por moradia, por trabalho, por serviços.
Percebemos que a maioria dos menores infratores são esses que nada têm de
heranças muitas vezes nem nada pela família tampouco pelo Estado.
A professora Maria José Bezerra foi autora de uma obra
que traça bem a questão dos meninos e meninas de rua em Rio Branco no ano de
1996, onde coloca numa passagem as feições do menor infrator. Dentre todos
estes se destaca por não ter referencias familiares, vejamos
o que Bezerra ( 1996, p. 16) nos diz:
Este
grupo é composto por crianças e jovens que passam todo o tempo nas ruas ou
moram nelas, e fazem uso de práticas consideradas delinquências. São os mais
arredios. Desprovidos de qualquer assistência, vivem pelas ruas como podem:
cheiram cola o dia todo ou parte deste, praticam roubo em casas, lojas,
quintais, tráfico de drogas, dentre outros. O produto do roubo é vendido para
terceiros e com o dinheiro compram alimentos e cola. Embora neste grupo a
presença de meninos sejam majoritária, há caso de meninas que se prostituem. Em
termos de escolaridade possuem no máximo até a 4ª. Ou 5ª séries incompletas.
Quanto à idade, na maioria dos resultados na pré-adolescência ou já são
adolescentes
Esse é o perfil
desses infratores que se parecem com os de hoje. De fato pelos trechos das duas
autoras acima percebemos uma infância e uma adolescência de excluídos no Acre e
no Brasil. O que vemos logo em frente a DEPCA de Rio Branco, onde comumente
trabalham nos sinais para arrumar um trocados alguns jovens com idade abaixo de
16 anos, vendendo chicletes para ajudar no sustento de suas famílias, o que
pode ser legal e honesto, mas não justo, pois demonstra fortes desigualdades.
Claro que estes adolescentes acimas
não são infratores, mas percebemos o porquê de muitos adolescentes ingressam
para o crime. Tal como nos morros do Rio de Janeiro, aqui temos favelas e mais
favelas, constituídas de bairros periféricos de nossa cidade. Bairros marcados
por lutas por moradias, por trabalho, por sobrevivência. Assim, por necessidade
e por ser a forma mais rápida de se “auto promover-se” caem na vida tal como
“bandido com razão”.
E o que dizermos então do Estado de exceção e livre
permissão para matar, onde policiais especializados, como por exemplo: o BOPE
que costumeiramente cometem ilícitos, matando jovens, principalmente negros,
demonstrando racismo? Na verdade esses grupos são esquadrões da morte. Matam
gente como se fossem animais, trazendo na estopa jovens mortos todo dia. Com
isso, acham que cumpriram com o dever.
Aqui em Rio Branco têm muitos
bairros que o Estado ainda não chegou de fato, com direitos e garantias,
sobretudo nessas novas “invasões” e nos bairros derivados de ocupações, tal
como: Taquari, Cidade Nova, 6 de Agosto, Aeroporto Velho, Conjunto Esperança,
Palheiral, Sobral, São Francisco, Tancredo Neves, Triângulo, Preventório, Chico
Mendes e outros. Sem contarmos com as novas invasões terríveis para se morar,
tipo: bairros mais recentes como o Caladinho, Panorama e outros.
No Acre não existem muitos negros,
mais isso depende do que achamos que é ser negro. Porém, há muitos
miscigenados, sobretudo, muitos pardos, sendo a maioria descendente de
nordestino. Percebemos que para a polícia ao executar seu papel repressor, eles
detectam os pardos, negros ou com traços indígenas, os maus cuidados, os maus
vestidos, os que têm o linguajar mais humilde. E podemos dizer que o controle
social da violência e da delinquência juvenil, existe uma higienização social
onde as favelas ou periferia são seus alvos maiores. Todos os espaços existem
relações de poder, mas nas delegacias existem com mais frequência, inclusive
abusos e discursos preconceituosos, do tipo: “pobre é gente que gosta de
confusão”, “temos que matar esses sujeitos” e muitos outros.
3.3
Uma análise dos tipos criminais praticados em 2010.
Entre os diversos Boletins
de Ocorrências registrados diariamente na DEPCA, assim como entre as delegacias
brasileiras de modo geral, o furto é bem comum, estão entre os com mais
quantidade, estando entre os pequenos que não há muitas vezes representações,
ou seja não há prosseguimentos por parte da vítima. Porém, existem furtos
simples e qualificados que deixam de serem investigados, por falta de maiores
condições de obterem provas e indícios. Outra quantidade de furtos, tipos
simples e qualificados estão relacionados ao tráfico de entorpecentes. Pois
constitui um meio rápido de obter dinheiro com a venda dos objetos de furtos de
maiores valores.
Porém, não
podemos deixar de mencionar que entre as tipologias crescentes entre os menores
surgem agora o porte e uso de drogas, bem como brigas corriqueiras e banais de
escolas, onde detectamos problemas as vezes de envolvimentos com drogas por
parte dos alunos.
Como sabemos o Estado
do Acre é um Estado pobre. Mas mencionamos no primeiro capítulo que os crimes
do colarinho branco, corrupção que levam milhões ou bilhões dos cofres púbicos
no Brasil, onde há impunidade é muito comum em nosso país. Claro que podemos
dizer que um erro não justifica o outro, sendo que os dois errados nunca dará
um certo.
Ao andarmos pelas ruas,
becos das periferias percebemos que diante de tanta penúria, sofrimento e até
mesmo a fome de muitos menores, isso teria uma possível justificativa. Na DEPCA
é comum adolescente serem presos e trazidos pela PM por furtos simples, furtos
esses acontecidos principalmente em prateleiras de supermercados e lojas de
cosméticos e perfumaria.
Em nossa pesquisa
ressaltamos que na DEPCA não contém um arquivo bem organizado para pronta
atividade e isso muito nos prejudicou, ou seja: não foi possível fazer um
melhor trabalho sobre as tipologias criminais prevalentes em 2010. Nosso
objetivo nesse tópico era fazermos um mapeamento dos atos infracionários de Rio
Branco no ano no ano que já citamos. No entanto, todos os funcionários da
delegacia deixaram em entrevista taxativamente que os menores que eram
registrados em sua quase maioria eram pessoas de baixa renda e com famílias em
sua maioria não ajustadas. Esse fato
ficou para nós, através dos documentos em que pesquisamos havia uma tendência
de os pais dos infratores não terem o mesmo sobrenome, bem como a mesma
tendência quanto a moradia. A quase totalidade são moradores de periferias
conformes apontas os BO’s e BOC’s.
Quanto ao local do
crime para os crimes de furtos e roubos se dão em vias públicas, local de
grande movimento de pessoas e fluxo de dinheiro ou bairros com melhores
estruturas de lazer, parques e outros. Como é de praxe eles cometem furtos em
locais de diferentes de seus bairros.
Muitos crimes também
são de brigas, ameaças e pequenas lesões banais na escola já que ficam grande
parte de suas vidas nestas, ressaltando que quanto mais no crime mais fácil
evadem da vida escolar, geralmente no ginásio. A Escola e o sistema de ensino
parece estar mais fragilizado e os alunos mais agressivos, influenciados pela
mídia nos costumes e sonhos de consumo pelo jeito.
Os menores também
cometem com intensidade crimes de homicídios, tentativas de homicídios e
outros. Geralmente estes crimes se dão em áreas e locais menos movimentados.
Geralmente quanto mais
próximo da maioria, 17 anos no caso, mais despertam-se para a criminalidade. No
entanto, já há um acentuado envolvimento de menores de idades de 14 a 15 anos
no mundo do crime.
De acordo com a análise
das fontes pesquisadas na Depca, 2010, foi um mês de inclinado para a violência
sim. Atribui-se essa crescente ao crescimento da cidade. Com razão isto está
diretamente relacionado. Porém, podemos associar a questão sócio-política, pois
a ausência de ações públicas de combate a violência positiva atuando em várias
esferas de ação, sobretudo na social nos últimos governos, pode nos ser o
pensamento mais crítico.
Não podemos fugir de
relacionar essa violência ao contexto do uso de drogas do adolescente. Onde
soubemos pela nossa experiência na profissão a droga também é um dos pivores. O
Acre tem suas fronteiras meio descobertas, adentrando muita droga. Sendo que os
jovens estão se envolvendo mais cedo neste mundo. Acaba que muitas famílias só
tomam conhecimento do uso de drogas pelo adolescente, quando mudam seus
comportamentos ou já pela intervenção da polícia. Daí o aumento contínuo por
uso ou por porte de drogas, enquanto tipologia criminal.
Percebemos também, no
cotidiano da função que adolescentes envolvidos com roubos ou furtos tendem
sempre a voltar a cometer esses crimes. Igual um ciclo que nunca acaba, muitos
vão parar no presídio ao completar a maioridade.
O que se observa, é que
famílias desarranjadas, muitas vezes com mães extremamente pobres, criam e deixam
muitas vezes seus filhos à mercê da má sorte. “São Manhãs e Tardes ao Léu”: com
tempo livre e com necessidades imediatas. A esse respeito nos alerta Gutierrez
(2000, p. 19) sobre o risco ou o bom aproveitamento do tempo livre:
Ora, estando a noção de ociosidade
imbuída, como Marcelino mostra, de “valores negativos”, utilizá-la como
categoria de análise implica assumir uma postura pouco isenta, isto é,
partilhar desses valores, emitir um julgamento e limitar, portanto, a
possibilidade de compreensão das práticas observadas. A especificidade do meu
campo não permite, sob risco de empobrecer os resultados, nem excluir as
práticas dos jovens desempregados, nem classificá-las na categoria de “ociosidade”,
diferenciando-as de antemão daquelas realizadas por meninos que vão à escola ou
que tiveram a sorte de encontrar um emprego nos tempos que correm. Desde já,
quero deixar claro que na minha definição de tempo livre não incluo apenas o
leque de atividades praticadas por aqueles que estudam e/ou trabalham mas,
também, aquilo que se tem denominado usualmente “ociosidade” ou desocupação”.
Tabela
1 - A
quantidade de Relatório/BOCs/Flagrantes analisados na pesquisa, divididos por
número, sexo e idades na DEPCA de Rio Branco em 2010:
ANO
|
NUMERO
|
PERCENTUAL
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
2010
|
555
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
ANO
|
MASCULINO
|
FEMININO
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
2010
|
499
|
56
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
IDADE
|
Nº DE INFRAÇÃO POR IDADE
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12 ANOS
|
10
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
13 ANOS
|
15
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
14 ANOS
|
56
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
15 ANOS
|
105
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
16 ANOS
|
146
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
17 ANOS
|
l67
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
TOTAL
|
499
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Fonte: Dados do CGTI /Arquivo da
DEPCA Sistema Sigo pelo auto micro dados nos registros de ocorrência da
Policia Civil do Estado do Acre.
Tabela 2
– FREQUÊNCIA DOS LOCAIS/ BAIRROS DE MAIS INCIDENCIA DOS ATOS INFRACIONAIS
PRATICADOS PELOS ADOLESCENTES QUE FORAM LEVADOS ATE A DEPCA /DE 2010
Fonte: Dados do CGTI /Arquivo da
DEPCA Sistema Sigo pelo auto micro dados nos registros de ocorrência da
Policia Civil do Estado do Acre.
Tabela
3
- Evolução no decorrer do ano 2010 quanto a quantidade de infrações
registradas cometidas por adolescentes
|
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TIPIFICAÇAO
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||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Porte de Armas Brancas
|
20
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Furto Art. 155
|
82
|
|
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Associação Com Tráfico De Entorpecentes
|
11
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Desacato
|
2
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Moeda Falsa
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Porte de Drogas
|
37
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Extorsão
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Resistência
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Homicídio Art.121
|
4
|
|
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Lesão corporal Art.129
|
102
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Falsidade Ideológica
|
13
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Vadiagem
|
2
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Injuria
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Crimes de Trânsito
|
27
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Estrupo Art. 213
|
20
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ato Obsceno
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Apropriação de Coisa Achada
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Art. 157 (Roubo)
|
94
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Receptação Art.180
|
3
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Tráf. de Drogas
|
90
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Violência Contra os Direitos Autorais
|
2
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Disparo de Arma de Fogo
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Apropriação Indébita
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Via de Fato
|
27
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Perigo Para Vida ou Saúde Publica
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Danos Materiais
|
5
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ameaça
|
75
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Calunia
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Tentativa de Roubo
|
5
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Difamação
|
2
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Posse de Entorpecentes
|
37
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Perturbação
|
5
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Dirigir Veic. Sem Licença
|
4
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Art. 19
|
2
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Constrangimento Ilegal
|
2
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Transito
|
1
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Dano
|
12
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Tentativa de Homicídio
|
23
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Total
|
|
|
Fonte: Dados do CGTI /Arquivo da DEPCA
Sistema Sigo pelo auto micro dados nos registros de ocorrência da Policia Civil
do Estado do Acre.
A cor ou etnia:
Tabela
4 – FREQUÊNCIA E PERCENTUAL DE COR OU RAÇA DE
ADOLESCENTES
LEVADOS A DEPCA/RIO BRANCO DE 2010
Frequência Percentual
|
||
Ignorado
Amarela
Indígena
Branca
Parda
Preta
Total
|
48
|
4,41
|
1
|
0,09
|
|
1
|
0,09
|
|
150
|
22,33
|
|
383
|
38,20
|
|
80
|
16,88
|
|
1008
|
100
|
|
|
|
|
Fonte: Dados do CGTI /Arquivo da DEPCA
Sistema Sigo pelo auto micro dados nos registros de ocorrência da Policia Civil
do Estado do Acre.
Tabela
5 – FREQUENCIA E PERCENTUAL DE ESCOLARIDADE DOS ADOLESCENTES QUE FORAM LEVADOS
A DEPCA/RIO BRANCO DE 2010
Escolaridade
|
Frequência
|
Percentual
|
Ignorado
|
702
|
64,5
|
Não Alfabetizado
|
5
|
0,5
|
Alfabetizado
|
19
|
1,7
|
1º Grau Incompleto
|
294
|
27,0
|
1º Grau Completo
|
41
|
3,8
|
2º Grau Incompleto
|
21
|
1,9
|
2º Grau Completo
|
5
|
0,5
|
3º Grau Incompleto
|
1
|
0,1
|
Total
|
1088
|
100,0
|
Fonte: Dados do CGTI /Arquivo da DEPCA
Sistema Sigo pelo auto micro dados nos registros de ocorrência da Policia Civil
do Estado do Acre.
Tabela
6 – FREQUENCIA E PERCENTUAL DAS PROFISSÕES DECLARADA DE ADOLESCENTES QUEM
FORAMLEVADOS A DEPCA/RIO BRANCO 2010
Profissões
|
Frequência
|
Percentual
|
|
Ignorado
|
168
|
|
|
Estudante
|
247
|
|
|
Desempregado (a)
|
99
|
|
|
Desocupado (a)
|
68
|
|
|
Não Possui
|
60
|
|
|
Total
|
|
|
|
Fonte: Dados do CGTI /Arquivo da
DEPCA Sistema Sigo pelo auto micro dados nos registros de ocorrência da
Policia Civil do Estado do Acre.
|
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Aqui neste trabalho me propus a
estudar o porquê do amento da violência por parte dos menores tendo como ponto
de partida que tenha consequência a vulnerabilidade social destes. Nesse
sentido, o aumento da criminalidade ou delinquência juvenil estaria diretamente
ligada as condições da juventude da América Latina e ao seu lastro histórico de
falta de favorecimento político-econômico-social em relação a outros centros do
mundo novo europeu e outros.
Nas últimas décadas temos tido um
aumento da violência nas principais capitais do Brasil, pois a junção da pobreza,
corrupção em todas as esferas, impunidade e excesso de pena ou abuso de poder
às vezes e ineficiência do Estado nos faz vivermos num mundo completamente
agressivo.
No Acre a situação não é diferente, pois
estamos num lento crescimento e dependência em relação a outros estados
federativos. Assim, multiplica-se o desemprego e a informalidade da
sobrevivência, sendo que a pobreza nos assola muito ainda, prolifera-se
favelas/periferias paupérrimas, assim como uma juventude abandonada e em
perdição, presas fáceis ao tráfico de drogas e vítimas pelas drogas. Daí por
que tantas ocorrências na delegacia de menor estudada.
De quem é lhe tirado as oportunidades de
ascensão social, o que se daria por meio de políticas públicas numa dimensão
muito superior à que temos hoje. Num Estado que deixa a desejar em
investimentos em Educação, assim no Brasil em geral, seria natural termos
outros valores que sedimentam a formação dos jovens mal desenvolvidos.
Assim, temos muitas vezes o crime como
estratégia de sobrevivência, algo extremamente ruim para as instituições e a
sociedade como um todo. As polícias são forças que não podem cair na descrença,
pois antes que se venha uma boa economia e bons negócios para a cidade
necessita-se que se tenha segurança. E o que temos constatado é que há um
sucateamento em certa medida destas. Aqui nos referimos mais a Polícia Civil
Acreana, ou seja pelo menos maiores investimentos urgentes são necessários
nesta área, tendo como base o estudo que fizemos na DEPCA de Rio Branco.
O melhor seria que ao invés de
investimentos repressivos em “balas”, melhor seriam investimentos em “gizes”.
Ou seja: um país se faz com “homens e livros”, mas por que não dizermos “livros
e crianças”.
Percebemos que o problemas do menor
infrator gira em círculo, sendo portando um ciclo vicioso. Pois a esmagadora
maioria vem da periferia, pobres, portanto. São jovens que só poderiam está
estudando ou se preparando ou até trabalhando. Que se metem com drogas. Que mal
utilizam seu tempo, por isso vivem se metendo em confusão. E, sobretudo, que
querem consumir produtos sofisticados, por isso, roubam ou furtam, mantêm
agressividades que chegam a ser patológicas muitas vezes.
Em sua maioria vêm de famílias de alguma
forma desajustadas, desestruturadas, muitas vezes criados só por suas mães de
qualquer jeito, ao léu. Em bairros recheados de violências e tráficos de
drogas.
O
Estado trata os esses infratores como um caso de polícia e tendem a lotarem os
centros sócio educativos que quase não reeducam, ou ressocializam com
dificuldade, findando muitas vezes ao atingirem a maioridade na Penitenciária
que já são um caos.
Diante do tamanho desse problema, onde
falha a maior parte do Estado já como a Educação, a família e a igreja, a
delegacia com pouca estrutura e com toda carga de peso sobre seus funcionários
muitas vezes despreparados, e sem melhor apoio. Tudo parece um faz de conta.
Daí a razão que vimos em nosso estudo de se criar uma duas delegacias do menor
modelo para a capital de Rio Branco.
Também surge a resolução dos problemas
de segurança trabalhando em todas áreas, numa transversalidade, juntos e com
antecedência na saúde, educação, serviços sócias, segurança, cultura, para que
possamos ter um futuro de paz para as gerações indistintamente de cor, credo,
origem e bens possuídos. Pois um sonho por um mundo melhor ainda é possível.
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